Anos atrás, ao ser atingida pelo impacto da hashtag #OscarSoWhite (Oscar tão branco), em protesto contra o baixo — e, em alguns anos, inexistente — número de negros indicados, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas agiu rápido para melhorar sua imagem. Convidou dezenas de profissionais negros e miscigenados para fazer parte de seu grupo de votantes. A mesma atitude será tomada, agora, pela Associação de Imprensa Estrangeira que promove o Globo de Ouro.
Entre os quase 100 membros com direito a voto não há nenhum negro. Ao invés de tentar buscar a diversidade antes, a elite dos correspondentes esperou ser atingida por um escândalo para só então agir. Dias atrás, foi acusada de se deixar influenciar por presentes caros na hora de definir os indicados. Junto a isso, no rastro dos movimentos antirracistas, surgiu a contestação sobre a falta de representatividade racial.
No domingo (28), em edição adaptada à pandemia, o Globo de Ouro deu prêmios importantes a alguns negros. Chadwick ‘Pantera Negra’ Boseman ganhou postumamente como Melhor Ator em Filme de Drama por ‘A Voz Suprema do Blues’, disponível na Netflix. Um resultado esperado que deve se repetir na categoria de Melhor Coadjuvante do Oscar, em abril.
A melhor atriz em filme de drama foi Andra Day, por ‘Estados Unidos vs. Billy Holiday’. Houve surpresa geral. O favoritismo estava com Frances McDormand por ‘Nomadland’. Daniel Kaluuya venceu como Melhor Coadjuvante em Filme por ‘Judas e o Messias Negro’. Protagonizado por um personagem negro, ‘Soul’ ganhou como Melhor Filme de Animação.
O branco Sacha Baron Cohen, eleito Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical por ‘Borat: Fita de Cinema Seguinte’ (filme vencedor do mesmo gênero), cutucou os organizadores do Globo de Ouro em um de seus discursos. “Obrigado à toda branca Associação de Imprensa Estrangeira”, disse, sarcástico.