William Bonner ficou quase um mês ausente do Jornal Nacional após a morte de seu pai, o médico William Bonemer. Retornou à bancada no dia 26.
Oito dias depois afastou-se novamente em razão do acidente de carro sofrido pelo filho, Vinícius. Deve reassumir o posto na segunda (9).
A fase complicada começou em agosto, quando o apresentador e Fátima Bernardes anunciam a separação. Desde então a figura do âncora inabalável passa por um processo de humanização na imprensa e nas redes sociais.
Os seus 13 milhões de seguidores perceberam que Bonner se fragiliza, entristece e sofre como qualquer anônimo. A fama e o poder não o deixam menos suscetível às intempéries da vida.
A única diferença é que a maioria das pessoas enfrenta as dores previsíveis e aquelas trazidas pelo imponderável de maneira reservada, sem a superexposição da intimidade.
Já Bonner, em consequência da visibilidade no horário nobre da emissora de maior audiência no país, tem seus dramas e alegrias assistidos por milhões de pessoas. Não apenas fãs; também por quem o despreza.
Essa é uma distorção contemporânea. Antes, o público não sabia quase nada da vida privada dos apresentadores de telejornais. Eles raramente viravam manchete.
Porém, a partir do momento em que ganharam status de celebridade, passaram a ter a intimidade bisbilhotada pela mídia e consumida vorazmente pelo público. Hoje, alguns, a exemplo de Bonner, são mais populares do que galãs e heroínas de novelas.
Por isso, quando terminam um casamento, se recolhem em luto ou vão em socorro de um filho não têm o direito de fazê-lo sem holofotes.
Os fatos são relatados de acordo com os mais variados critérios e ganham repercussão tão incontrolável quanto imprevisível.
A cada episódio, o âncora do JN experimenta o apoio suscitado pela comoção popular e a raiva daqueles que não separam sentimentos e ideologias - e até comentam "merece sofrer".
Incensado e detratado, apoiado e injuriado, William Bonner não sai do noticiário e das timelines. Está sendo obrigado a pagar o ágio cobrado pela fama.