Uma fundação beneficente cria um app para ajudar comunidades em situação de risco. O perigo pode ser uma contaminação do ar por substâncias químicas ou uma enchente, por exemplo.
Milhões de pessoas baixam o tal aplicativo. A partir daí, a cúpula da empresa passa a acompanhar a vida virtual dos cidadãos e a indicar o que eles devem ler no celular. O objetivo é manipular a população.
Parece ficção? E é. Mas também pode ser vida real. A sexta e última temporada de House of Cards, disponível na Netflix, mostra o potencial poder de manipulação de um simples aplicativo.
Na trama, os irmãos bilionários Bill (Greg Kinnear) e Annette Sheperd (Diane Lane) usam a tecnologia com fins eleitoreiros para continuar a controlar a Câmara, o Senado e a Presidência dos Estados Unidos, ocupada pela voluntariosa Claire Underwood (Robin Wright).
A subtrama não poderia ser mais atual. Está em sintonia com o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na prova aplicada no domingo, dia 4: ‘Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet’.
Essa discussão permeou a recente campanha presidencial no Brasil. A utilização das redes sociais e do serviço de mensagens WhatsApp por candidatos mobilizou milhões de eleitores e gerou até acusações de crime eleitoral.
A internet ganhou relevância imensurável na política mundial a partir da eleição do norte-americano Barack Obama para o seu primeiro mandato na Casa Branca, em 2008. A ferramenta o aproximou do eleitor jovem.
O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, foi enfático ao explicar a importância do marketing digital em sua vitória: “Cheguei aqui graças às mídias sociais”.
A utilização dos meios digitais em campanhas eleitorais – e seu resultado positivo já mais do que comprovado – fez a propaganda na TV perder a hegemonia mantida nas últimas décadas. São novos tempos, a cyber realidade.