A Casa de Papel tem trama ágil e personagens bem construídos

Sacada da produção espanhola é mostrar que um grande plano não será perfeito porque o ser humano é falível

18 jul 2019 - 15h42
(atualizado às 16h43)

A 3.ª temporada de La Casa de Papel estreia nesta sexta, 19, na Netflix, com a promessa de novos personagens e um novo assalto. E o plano de resgate do personagem Rio (Aníbal Cortés). Ao longo das duas temporadas anteriores, a série espanhola se tornou uma das mais populares dos assinantes da plataforma de streaming pelo mundo, com trama ágil e personagens complexos e bem construídos, quebrando a tradição de que só as séries americanas fazem sucesso.

Pedro Alonso, Paco Tous, Alba Flores, Úrsula Corberó, Darko Peric, Miguel Herrán, Jaime Lorente, e Joseph Whimms em 'A Casa de Papel' (2017)
Pedro Alonso, Paco Tous, Alba Flores, Úrsula Corberó, Darko Peric, Miguel Herrán, Jaime Lorente, e Joseph Whimms em 'A Casa de Papel' (2017)
Foto: IMDB / Reprodução

Na trama, um grupo formado por integrantes com ficha criminal extensa se reúne secretamente numa casa, onde passam meses sob a tutela do genial O Professor. A maioria deles não se conhece entre si, e o período de imersão foi necessário para que todos os detalhes de um grande assalto à Casa da Moeda, em Madri, fossem absorvidos por eles.

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Como a impessoalidade ditava esse encontro motivado puramente por dinheiro, muito dinheiro, suas reais identidades precisavam ser preservadas. Assim, todos do grupo ganharam nomes de cidades: Tóquio (Úrsula Corberó) — a narradora da história —, Rio (Miguel Herrán), Berlim (Pedro Alonso), Denver (Jaime Lorente), Moscou (Paco Tous), Nairobi (Alba Flores), Helsinque (Darko Peric) e Oslo (Roberto García).

Para o Professor, na verdade, Sergio Marquina (Álvaro Morte), a mente por trás do espetacular assalto, no entanto, a ação tinha outra motivação: colocar em prática um antigo plano do pai, morto num assalto a banco. Durante anos, ele planejou minuciosamente todo o passo a passo da ação, prevendo os quase certos contratempos. Tudo muito bem calculado.

O plano parecia perfeito. Ele só não contava com um fator determinante — e talvez essa seja uma grandes sacadas da série: o ser humano é falível. Mesmo os criminosos mais frios têm sentimentos e, muitas vezes, se deixam levar por impulsos, emoções, destemperos. Tóquio e Rio começam a namorar, o egocêntrico Berlim motiva a ira geral, Denver se apaixona por uma das sequestradas. O próprio Professor se envolve com a inspetora à frente do caso, a forte (e frágil) Raquel (Itziar Ituño). Com o foco menos no assalto e mais nos relacionamentos, o plano acaba desandando.

E muitas vezes as coisas saíram do controle. O que provocou perdas irreparáveis, como as mortes de Oslo, após receber um golpe na cabeça de um dos sequestrados, e de Moscou, que foi atingido por vários tiros da polícia ao tentar dar cobertura a Tóquio, que, numa ação mirabolante, volta de moto à Casa da Moeda pela entrada principal, furando o bloqueio policial, após ser libertada no caminho para seu julgamento.

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O elenco é afiado, mas alguns personagens naturalmente conquistaram o público, como Berlim, uma espécie de vilão dentro do grupo, sedutor e narcisista, e a ótima Nairobi (Alba Flores), que chegou a instituir o matriarcado no grupo na segunda temporada.

A série acabou popularizando a máscara de Salvador Dalí, usada pelo grupo e que virou objeto de desejo do público, inclusive como fantasia — e fez com que a busca pelo artista surrealista na internet aumentasse. Assim como resgatou um antigo hino, Bella Ciao, símbolo da resistência italiana contra o fascismo na Segunda Guerra, que ganhou até versão remix.

 

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