Tchau, Brasil! Em Lisboa, atores ganham bem e vivem em paz

Novelas portuguesas atraem artistas brasileiros que fogem da violência e da escassez de trabalho

13 jul 2018 - 10h43
(atualizado às 11h12)

A Globo não é mais o sonho dourado de muitos artistas. Eles querem ir além: atravessar o Atlântico para construir uma carreira na televisão portuguesa.

Adriano Toloza, Carolina Kasting e Cassiano Carneiro: ótimas condições de trabalho a quase 8 mil km da Globo
Adriano Toloza, Carolina Kasting e Cassiano Carneiro: ótimas condições de trabalho a quase 8 mil km da Globo
Foto: TV Globo / Divulgação

Quem já fez esse caminho conquistou uma rotina livre da violência epidêmica brasileira e contabiliza bons ganhos numa moeda valorizada. Os salários variam entre 8 mil e 15 mil euros (de 35 mil a 65 mil reais, no câmbio de hoje).

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Alguns artistas brasileiros, quando são convidados a se transferir para lá, usufruem ainda de moradia confortável paga pela emissora.

Outro atrativo para fazer a rota Brasil-Portugal: ser escalado para papéis de destaque nas novelas lusas, consideradas tão atrativas quanto as tramas produzidas por aqui. Frequentemente, atores brasileiros são mais enaltecidos pelo público português do que pelos telespectadores brasileiros.

Carlo Porto foi o protagonista masculino de Carinha de Anjo, novela do SBT exibida entre novembro de 2016 e junho deste ano. Sua performance do ‘paizão’ Gustavo rendeu ao ator mineiro, de 36 anos, um papel em Alma e Coração, folhetim que estreia em setembro na SIC, emissora parceira da Globo em Portugal.

Galã, Porto integrou o elenco de algumas produções globais. Entre elas, Alto Astral (2014), Salve Jorge (2012) e Insensato Coração (2011). Mas nunca teve um personagem de destaque. Agora está entre os atores principais na primeira experiência internacional de sua carreira.

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Uma curiosidade: os portugueses Ricardo Pereira e José Fidalgo, que participaram de Deus Salve o Rei no Brasil, voltaram recentemente a Lisboa para participar dessa mesma trama.

Carolina Kasting é outra estrela brasileira que se mudou recentemente para Lisboa. Foi contratada pela TVI, canal líder em audiência, para o novo folhetim do horário nobre, Valor da Vida.

Thiago Rodrigues, Thaiane Anjos e Marcello Antony: vida nova na tranquilidade de Lisboa
Foto: Instagram @euthiagorodrigues, @thaianeanjos e @ marcelloantony_oficial / Reprodução

A atriz catarinense, de 43 anos, estreou na Globo em Anjo de Mim (1996). Desde então, foram mais de vinte trabalhos no canal carioca. O mais recente, a produção de época Além do Tempo, esteve no ar até o começo de 2016.

Valor da Vida terá ainda o paulistano Adriano Toloza, de 34 anos. Em 2015, ele interpretou o personal trainer Igor em Verdades Secretas. Depois, participou de Os Dez Mandamentos na Record TV. Seu desempenho nas duas obras despertou a atenção de produtores portugueses.

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Toloza desembarcou na TVI para atuar em Ouro Verde. A novela transmitida ao longo de 2017 contou ainda com os também brasileiros Silvia Pfeifer, Zezé Motta e Cassiano Carneiro.

Ator premiado no Festival de Gramado pela performance em Quem Matou Pixote?, filme de 1996, Carneiro se tornou popular na TV com o personagem Zé Carijó no seriado Sítio do Picapau Amarelo – quando conheceu sua mulher, a atriz anglo-portuguesa Julie Sergeant, com quem vive em Lisboa.

Na Globo, foi visto ainda em Renascer (1993), Desejos de Mulher (2002) e A Teia (2014), entre outros trabalhos. No momento, ele também grava Valor da Vida.

Vinculados durante muito tempo à Globo, Thiago Rodrigues e Marcello Antony engrossam a lista de brasileiros no elenco dessa novela da TVI, assim como Thaiane Anjos.

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A jovem atriz manauara trocou o Rio por Lisboa após fazer Flor do Caribe, Além do Horizonte e Malhação. No ano passado, ao participar de Ouro Verde, da TVI, viveu uma personagem romântica que conquistou a torcida dos noveleiros lusos.

Outros atores conhecidos se dividem entre Brasil e Portugal. Miguel Thiré (Em Família, Poder Paralelo), Úrsula Corona (Totalmente Demais, Malhação) e Thiago Justino (Orgulho e Paixão, Rock Story) estão entre eles.

O telespectador português se mostra mais receptivo aos artistas brasileiros do que nós em relação aos portugueses que vêm trabalhar aqui. Vários deles precisaram ter aulas de prosódia para aprender o sotaque brasileiro a fim de conseguir mais oportunidades na TV.

Já o ator brasileiro não precisa de tal sacrifício. A nossa pronúncia é bem-aceita pelos lusos graças ao sucesso que a teledramaturgia brasileira sempre fez por lá. 

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Mas agora eles não precisam mais exportar as novelas ‘made in Brazil’. Sabem produzir ótimas tramas e abrem espaço ao talento dos artistas daqui.

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