O astrônomo e divulgador científico norte-americano Carl Sagan (1934-1996) era um crítico feroz do negativismo na mídia.
“Um extraterrestre, recém-chegado à Terra – examinando o que em geral apresentamos às nossas crianças na televisão, no rádio, no cinema, nos jornais, nas revistas, nas histórias em quadrinhos e em muitos livros –, poderia facilmente concluir que fazemos questão de ensinar a elas assassinatos, estupros, crueldades, superstições, credulidade e consumismo”, escreveu.
Não devemos optar pela alienação ou minimizar a realidade contundente, mas Sagan estava com a razão ao criticar o excesso de conteúdo capaz de deprimir qualquer um.
Quem acompanha os principais telejornais corre o risco de se angustiar com a overdose de notícias desanimadoras – às vezes alarmantes – a respeito de segurança pública, economia, política, preservação ambiental, entre outros temas fundamentais ao cidadão.
As iniciativas positivas quase nunca ganham destaque. No principal telejornal do País, o JN, da Globo, aparecem eventualmente aos sábados, dia tradicionalmente com menos ‘informações quentes’ para preencher a edição.
Ontem, dia 18, foi ao ar a mobilização de uma artista plástica para que voluntários de várias partes do planeta fizessem colchas de retalhos a vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
Uma atitude nobre e inspiradora que merece mais espaço no noticiário. O telespectador precisa ter acesso a essa realidade paralela, a do Brasil que dá orgulho, das pessoas empáticas e seu esforço a fim de amenizar o caos.
O próprio JN teve uma série intitulada Brasil Bonito, com matérias focadas em ações positivas de anônimos interessados no bem-estar geral.
A atração ganhou prêmios, inclusive um da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), porém, infelizmente, perdeu espaço para o tsunami de notícias ruins do cotidiano.
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Foto: Reprodução/Facebook – A redação do Jornal Nacional com a bancada ao centro: as notícias ruins sempre ganham prioridade na imprensa em geral