Entre um sonho e a concretização existe longo caminho. Na maioria das vezes, a trajetória termina em frustração, sem alcançar o objetivo. Na série ‘Amor da Minha Vida’, do Disney+, Bia (Bruna Marquezine) cultiva a esperança de se realizar como atriz.
Em cena com a mãe, Neide (Cissa Guimarães), ela expurga a decepção com a própria vida. Não apenas no campo profissional. Vive uma catarse. Suas palavras duras e sinceras poderiam sair da boca de qualquer mulher que já sentiu o peso de não corresponder às próprias expectativas.
“Eu sou um fracasso, mãe”, diz, chorando. “... eu sou um quase. Eu sou quase a mais bonita, eu sou quase a mais talentosa, eu sou quase a mais engraçada, eu sou quase qualquer merda.”
As duas foram ao cinema. “E vir aqui assistir um filme me lembra como esse sonho começou e como a minha vida nunca sai da porra desse começo. Me dá muita vontade de desistir.”
Na sequência, Bia explica que, se desistisse de seu sonho, ia ficar “só existindo”. A personagem tem razão: há grande diferença entre estar vivo e existir com intensidade.
Quem nunca sofreu crise existencial semelhante? Olhar para trás, ver quanto tempo já passou, olhar para frente e não enxergar uma luz. Sentir-se perdido, derrotado, desanimado.
Não suportar mais o peso nas costas dos pequenos e grandes insucessos. Chorar escondido, fingir estar bem. E, ao mesmo tempo, querer seguir, agarrado a um fio de confiança – ou ilusão.
Na série, uma comédia romântica com profundidade acima do habitual para o gênero, Bruna Marquezine entrega atuação consistente, vigorosa, envolvente. Aos 29 anos, subiu mais um degrau na maturidade como atriz.
Tomou decisão acertada ao sair da Globo, em 2020, para ter a liberdade de fazer somente papéis desafiadores. Todo sonho existe dose extra de coragem e impõe risco. Hoje, ela colhe bons frutos. Bia poderia se inspirar em Bruna.
‘Amor da Minha Vida’ foi escrita por Matheus Souza com colaboração de Juliana Araripe, Luiza Fazio, Bryan Ruffo e Nátaly Neri. Tem direção de René Sampaio, Tatiana Fragoso e Bruna Marquezine, sob direção artística de Matheus Souza.
