O capítulo 8 de ‘Segundo Sol’, exibido na terça-feira (22), marcou 34 pontos de média.
Este índice representa 7 milhões de telespectadores sintonizados na Globo durante a novela somente na Grande São Paulo.
Foi a terceira maior audiência desde a estreia do folhetim de João Emanuel Carneiro.
O capítulo destacou a trama de Roberval (Fabrício Boliveira) e sua mãe Zefa (Claudia di Moura), os personagens negros com maior visibilidade na primeira fase.
O ápice aconteceu numa cena externa, gravada sob chuva cenográfica, quando o rapaz deixa a mansão onde passou a vida toda como mero empregado, após descobrir que o patrão, o magnata branco Severo (Odilon Wagner), é na verdade seu pai.
A revolta de Roberval e o desespero de Zefa ofereceram ao noveleiro momentos de drama intenso, convincente e comovente.
Quem fez prejulgamento de ‘Segundo Sol’ devido ao reduzido número de atores afrodescendentes numa produção ambientada na Bahia deve estar surpreso com o espaço ocupado por personagens negros.
No capítulo de quarta-feira (23), Roberval apareceu mais até do que o protagonista branco Beto Falcão (Emílio Dantas).
Definitivamente, o personagem de Boliveira não é um coadjuvante negro, como tantos imaginaram – e sim um dos personagens principais.
Protagonismo este que pouco se viu até hoje na teledramaturgia da Globo. Menos ainda no mais nobre horário de ficção do canal, o das 21h.
‘Segundo Sol’ mostra um negro que rompe com o destino predeterminado por sua raça – ser empregado de alguém e submisso a essa figura dominante – para conquistar liberdade, autonomia e poder.
O autor acerta ao não pintar Roberval como um santo. Ele vai subir na vida por vias tortas: aceita dinheiro por sexo (já prevê-se críticas pela fetichização do corpo negro) e vai dar um golpe em sua aliada, a vilã Laureta (Adriana Esteves).
É bom que o personagem tenha, na visão pudica da sociedade, falhas de caráter, assim como pessoas de quaisquer outras etnias.
Assim fica mais real, crível, menos estereotipado.
Vale ressaltar que o destaque a Roberval já estava previsto na sinopse entregue à Globo no ano passado.
A primeira fase de ‘Segundo Sol’ estava gravada antes de o Ministério Público do Trabalho exigir que a emissora dê mais espaço a negros em suas produções.
Não foi necessário impor ‘cota racial’ para que Roberval fosse ‘o cara’ do novelão.
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