Paga-se um preço para trabalhar na TV Globo. Pode ser bem alto para a saúde mental. Há muita gente tóxica na frente e atrás das câmeras. Todos – os bons e maus – acabam chamuscados pela fogueira da vaidade.
Recentemente, três artistas contaram em tom de desabafo situações constrangedoras vividas quando trabalhavam no canal líder em audiência.
A atriz transexual A Maia, que interpretou a Morte na novela das 19h ‘Quanto Mais Vida, Melhor’, revelou em um post no Instagram que sofreu nos bastidores.
Uma outra atriz do elenco foi cruel a ponto de fazê-la se questionar se merecia fazer parte daquele lugar privilegiado na TV. “Um jogo bem sujo”, de acordo com a conclusão da artista.
“Não é apenas a diversão do ‘gravando’. Tem muita luta, muito trabalho, muitas lágrimas e questionamentos nesse processo”, explicou. “Nem todo mundo que você vai encontrar pelo seu caminho vai te acolher, infelizmente.”
Atacada por incomodar, A Maia ficou abalada emocionalmente. “Pensei em desistir”, disse. “É uma pena discursos lindos sobre empatia não serem praticados no dia a dia.”
Não foi um caso isolado. O histórico de comportamento desrespeitoso e tentativa de boicote na Globo é longo e recorrente.
Em 2013, Lucas Malvacini foi escalado para uma participação especial em ‘Amor à Vida’. Seu personagem, Anjinho, era o amante do vilão Felix (Mateus Solano).
A ótima química entre os atores fez o público abraçar o casal cômico. O ator acabou ganhando um contrato para ficar até o final da trama e seu personagem passou a ter cenário próprio.
O sucesso inesperado incomodou muita gente que não aceitava um estreante em novela já contracenar com os protagonistas e ganhar tanto destaque na trama e na mídia.
“Eu passei por maus lençóis no Projac. Situações que me levaram para a terapia”, contou o ator em entrevista no VoxLab Podcast. “Os atores mais velhos me abraçaram. Foi coisa de ciúme de gente mais nova.”
Malvacini se sentia deslocado. “Tinha uma segregação bizarra (entre o elenco). Eu ficava sem graça de sentar na sala de maquiagem. Às vezes ia gravar sem maquiar mesmo. Ficava mal... Mas foi um mega aprendizado. Isso te traz bagagem, segurança.”
A campeã do ‘BBB13’, Fernanda Keulla, também tem uma história sobre vexações nos corredores da poderosa Globo, ocorrida quando era apresentadora na emissora. O relato aconteceu no Vênus Podcast.
“No ‘Vídeo Show’, a gente tinha um carrinho próprio. Uma atriz muito respeitada estava lá, já é uma senhora. Eu a olhei esperando o carrinho e perguntei se queria uma carona”, contou.
A veterana aceitou a gentileza. “Depois, ela entrou no camarim de ‘Malhação’ e falou que não admitia ter ido de carona com uma ex-BBB, que ‘onde já se viu’...”
Keulla soube que a artista esnobe recebeu a solidariedade de outros artistas. Chegou a ganhar flores. “Endossaram o comportamento dela.” Mesmo humilhada, a ex-BBB preferiu não revelar o nome da atriz.
Como se vê por essas três histórias reais, poucos lugares concentram mais vaidade e inveja do que um canal de TV. Os egos feridos são capazes de produzir forte veneno.