Para colocar ponto final em um dos maiores vexames de sua história, a renomada BBC fez um acordo de 500 mil libras com Matt Wiessler. Ele era designer do canal público britânico quando recebeu ordem do repórter Martin Bashir para criar comprovantes falsos de transferências bancárias.
Os documentos forjados foram mostrados ao irmão de Diana, conde Charles Spencer, para convencê-la de que funcionários da família real eram pagos para espioná-la e, com isso, estimular a princesa a dar uma entrevista exclusiva para criticar a monarquia.
A conversa entre Martin e Diana foi ao ar na BBC1 na noite de 20 de novembro de 1995: 54 minutos arrasadores para a rainha Elizabeth e o príncipe Charles. Cega de ódio e fazendo papel de vítima, a princesa mais popular de todos os tempos culpou a realeza por sua infelicidade conjugal e os transtornos emocionais.
Ela disse que sua fama e a tentativa de ser livre incomodavam a cúpula do regime. “Sou vista como uma espécie de ameaça”, explicou. “Todas as mulheres fortes da história tiveram que trilhar um caminho semelhante, e acho que é a força que causa a confusão e o medo.”
Quando explodiu o escândalo das falsificações, Martin Bashir perdeu credibilidade como jornalista, a BBC foi acusada de negligência e Matt Wiessler passou a ser execrado publicamente, inclusive pela própria TV, como se tivesse culpa pelo golpe contra Diana. Em sua defesa, o designer alegou ter apenas feito o que o jornalista havia pedido, sem saber das intenções com os extratos mentirosos.
Além da indenização equivalente a R$ 3,7 milhões por ter sido envolvido na maracutaia, o designer recebeu do antigo empregador o reconhecimento de sua inocência. “Gostaríamos de repetir nossas desculpas completas e incondicionais ao Sr. Wiessler pela maneira como ele foi tratado pela empresa no passado”, diz comunicado da BBC.
No ano passado, a emissora apresentou um pedido formal de desculpas ao irmão de Diana, conde Spencer, responsável por zelar pela imagem da princesa morta em 1997, aos 36 anos. Suspeito de também ter ferido a ética jornalística ao entrevistar Michael Jackson em 2002, Martin Bashir pediu demissão da BBC em maio deste ano.