Um bolsonarista põe microfone da Globo no chão e outro desfaz agressão ao canal

Episódio ressalta o poder de influência da emissora número 1 no Ibope, atacada por direita e esquerda

20 mar 2024 - 08h31

Em entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) tirou o microfone da Globo/GloboNews do púlpito, onde estavam os aparelhos de todas as TVs, e o colocou no chão. 

Isso aconteceu após o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que discursava, se referir à emissora como “imprensa lixo” e afastar o microfone dos demais. 

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Parlamentares, assim como qualquer cidadão, têm o direito de não aprovar o jornalismo da Globo por considerá-lo parcial e tendencioso, e fazer críticas abertas quando e onde quiserem. 

Mas nenhum veículo de comunicação profissional deve ser censurado ou segregado. O protesto teve impacto visual e repercutiu na mídia, porém, apenas reforça o poder dos canais da família Marinho. 

Políticos vêm e vão, emergem e afundam, sobem e despencam na popularidade, e a Globo permanece como principal meio de informação da maioria dos brasileiros e maior vitrine para os próprios parlamentares.

Criticar o jornalismo da Globo faz parte do jogo democrático, mas segregar um canal de TV não é aceitável
Criticar o jornalismo da Globo faz parte do jogo democrático, mas segregar um canal de TV não é aceitável
Foto: Reprodução/TV Senado

Desde sempre, e especialmente em seus quatro anos na Presidência, Jair Bolsonaro tentou asfixiar a influência do canal carioca. Cortou verbas publicitárias do governo, soltou incontáveis xingamentos e ameaçou não renovar a concessão pública. 

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Na reta final do mandato, o então presidente ordenou a compra de mais espaço nos intervalos da emissora para promover sua gestão de olho na tentativa de reeleição e, após a derrota, assinou autorização para que a TV funcionasse por mais 15 anos. 

Lula também atacou a Globo dia e noite por longos períodos, inclusive quando estava preso na PF de Curitiba. Na campanha de 2022, fez as pazes com a emissora e surpreendeu com elogios a William Bonner, âncora e editor-chefe do ‘Jornal Nacional’, antes tratado como inimigo. 

A atitude do Delegado Caveira foi repreendida pelo senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN), frequentemente entrevistado na GloboNews. “Faça isso não”, disse. 

Incentivado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), amigo pessoal de Bolsonaro, pegou o microfone do chão e o colocou de volta na bancada. Um gesto com forte simbolismo em respeito à imprensa e às diferenças de pensamento. 

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Criticar a imprensa é justo, tentar calá-la é antidemocrático e inútil.

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