A cerimônia do Oscar que começou diferente, com Justin Timberlake transformando o Teatro Dolby numa balada ao som de ‘Can´t Stop The Feeling’, terminou diferentíssima, com dramaticidade jamais imaginada por nenhum roteirista de Hollywood.
O prêmio principal, Melhor Filme, foi anunciado a ‘La La Land’ e, um minuto depois, entregue a ‘Moonlight’. Os apresentadores da categoria, os veteranos Warren Beatty e Faye Dunaway, não estavam com o envelope certo.
A maior festa do cinema mundial teve um erro grosseiro que a fez parece remake ou spin-off do Miss Universo 2016, quando a Miss Colômbia foi erroneamente coroada no lugar da Miss Filipinas.
Essas gafes históricas, inimagináveis em tempos tão tecnológicos e monitorados, aplicam uma lição: a vida real, sempre geniosa, adora se mostrar superior à ficção.
São surpresas assim que tiram a normalidade de seu eixo confortável e a colocam diante do imponderável, da percepção de que tudo pode acontecer. O ineditismo se impõe.
Para a emissora americana ABC o equívoco vai render valiosa audiência nos próximos dias e publicidade espontânea a todos os envolvidos, inclusive para os dois filmes e seus realizadores.
Uma vitória convencional de ‘La La Land’ ou ‘Moonlight’ seria suplantada na imprensa em pouco tempo. Já esse equívoco colossal deverá repercutir por um período maior – e a cerimônia de 2018 será recheada de piadas a respeito do vexame.
Os brasileiros sem TV paga não tiveram a chance de conferir esse momento tragicômico. A Globo preferiu exibir os desfiles das escolas de samba na Sapucaí.
Um compacto com os melhores momentos – e também o pior, obviamente – deste Oscar inigualável será mostrado a partir das 15h20 desta segunda-feira (27), com comentários de Christiane Pelajo, Miguel Falabella e Arthur Xexéo.
Quem viu a 89ª cerimônia dos Academy Awards pelo canal TNT testemunhou a apresentadora Domingas Person e o crítico de cinema Rubens Ewald Filho chocados com a confusão sem precedente no ápice da premiação.
No Twitter, a comediante Ellen DeGeneres, que já apresentou o Oscar, escreveu uma verdade incontestável: “Nada melhor do que TV ao vivo”.
E o Oscar de mico midiático de 2017 vai para... o Oscar.