Laureta se envolveu com exploração de prostituição, tráfico de drogas, sonegação fiscal, comprou feto morto em necrotério, sequestrou crianças, corrompeu policiais, matou várias pessoas (inclusive a própria filha) e, mesmo assim, ganhou final feliz.
Nos poucos meses atrás das grades, a maléfica teve uísque e lagosta à vontade. As agentes penitenciárias a chamavam de “rainha”.
Assediada pela imprensa na saída da cadeia, ela alegou inocência, culpou as fake news pela temporada no xilindró e anunciou sua candidatura a deputada.
Dizendo-se “linda e plena”, fez um anúncio debochado aos repórteres: “Estou indo agora mesmo para Brasília organizar minha campanha política. Alguém precisa colocar ordem nessa zona, e esse alguém sou eu”. Discurso de quem se sente a própria dona da zorra toda.
Questionada a respeito do que poderia fazer pela economia do Brasil, Laureta deu mais um show de cinismo.
“Vou ser uma mãe para esse povo tão querido, tão sofrido, que precisa de diversão e alegria. Anotem meu slogan aí: ‘Laureta no poder, garantia de prazer’. Laureta, 6969. Votem Laureta.”
Alguém duvida que, na vida real, ela seria eleita?
O autor João Emanuel Carneiro usou a personagem brilhantemente interpretada por Adriana Esteves para fazer uma crítica social ao País, à classe política e a uma desgraça intrínseca ao Brasil: a impunidade.
Aqui, quem tem dinheiro e influência consegue se livrar da Justiça. São raras as exceções de criminosos poderosos que ficam anos e anos numa cela.
Laureta se tornou a representação do deplorável ‘jeitinho brasileiro’ conhecido (e condenado) até no exterior. Na ficção, a golpista homicida incorporou a imagem de quem, no dia a dia, paga para corromper e aceita receber para ser corrompido.
Em sua última imagem, sem nenhum sinal de remorso por ter tirado a vida da única filha, Karola (Deborah Secco), a bandida virou-se para a câmera e lançou um sorriso cínico – transformou o telespectador em quase cúmplice de sua psicopatia.
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