João Emanuel Carneiro aplica em ‘Mania de Você’ algumas fórmulas aplicadas em outras novelas de sua autoria. A volta de Viola (Gabz), após sobreviver milagrosamente do pulo do helicóptero, para se vingar de seus algozes, lembra o retorno da cova de Nina (Débora Falabella) em ‘Avenida Brasil’.
As duas demonstram a mesma dissimulação para colocar em prática o plano de justiça (ou vingança, se preferir). Unidas também por outra coincidência: o talento para conquistar pessoas pelo que cozinham. E ligadas a um pendrive.
No caso de Nina, o dispositivo escondia as fotos que desmascaravam a adúltera Carminha (Adriana Esteves). Na trama de Viola, guarda a imagem que inocenta seu amado Rudá (Nicolas Prattes) da culpa pelo assassinato de Molina (Rodrigo Lombardi).
O problema está na construção da atual suposta heroína. Inúmeras incoerências cercam Viola. A pior (aos olhos do público majoritariamente conservador) foi trair o namorado Mavi (Chay Suede) com o caiçara. Caso a paixão deles convencesse haveria chance de perdão, porém, nunca houve muita química. A maioria dos noveleiros jamais torceu pelo casal de mocinhos.
A chef também não apresenta o vigor de Nina. Nem mesmo agora, quando se mostra com sangue nos olhos a fim de destruir quem a fez sofrer. Falta energia e carisma. As reviravoltas na trama não funcionaram para emocionar, apenas deixaram Viola menos verossímil.
Outra personagem de ‘Mania de Você’, Mércia, é parecidíssima com posteriores vilãs criadas por João Emanuel, a exemplo da já citada Carminha, do folhetim de 2012, e Laureta, de ‘Segundo Sol’; aliás, interpretadas pela mesma atriz. Todas com idênticos cinismo e humor ácido. O texto de uma caberia na boca das outras.
Adriana Esteves precisa tomar cuidado ao escolher o próprio papel para não se repetir e ficar marcada pelo mesmo tipo de antagonista. A do momento não funcionou tão bem quanto as anteriores. Talvez, justamente, por ser apenas uma variação do que já vimos.