Caio Blat celebra sucesso da novela 'Beleza Fatal': "Foi uma grande aventura"

Entre teatro, cinema, TV e streaming, o ator e diretor conta ainda sobre o reencontro que teve com o filho de 21 anos após período afastado

Esta reportagem poderia ser com o doutor Caio Blat, em seu consultório médico. Isso se ele tivesse atendido  o desejo do pai de que o filho o acompanhasse  nos caminhos da medicina ou outra profissão clássica.  Mas o coração indicou a vida de artista. E parece que foi  uma escolha acertada.

Caio Blat
Caio Blat
Foto: Bruna Castanheira / Velvet

Caio começou a carreira ainda na adolescência, nos anos 90, em novelas do SBT, como “Éramos Seis”, “As Pupilas do Senhor Reitor” e “Fascinação”. Migrou para a Rede Globo na virada  do século e fez inúmeros papéis em especiais e novelas. Hoje, mais de 30 anos depois, segue com a carreira em movimento e poderá, à sua maneira, realizar um pouco do sonho do pai ao viver o cirurgião plástico Benjamin em “Beleza Fatal”, primeiro folhetim da plataforma de streaming MAX.

Na novela, o personagem vive um relacionamento tórrido e fora do padrão com Camila Pitanga, com fartas doses  de sadomasoquismo. Caio, que também dirigiu alguns capítulos, chama o projeto de evolução natural desse  momento de sua carreira.

Cinema e teatro: amor de verdade

O ator nunca escondeu que o que faz seu coração bater forte são o cinema e o teatro. Entre os filmes brasileiros dos quais participou nos últimos anos estão “Carandiru”, em que viveu o personagem Deusdete, o drama “Entre Nós”, em que contracena com Carolina Dieckmann, e a comédia romântica “Ponte Aérea”, em que faz par com Letícia Colin, entre muitos outros.

Em 2017, ao lado da atriz Luisa Arraes, estreou  nos palcos a peça “Grande Sertão: Veredas”, montagem  de Bia Lessa. O espetáculo rodou o país por dois anos e  lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator em 2018,  por sua interpretação de Riobaldo.

É uma evolução que está acontecendo na minha carreira, lançando um novo formato no streaming, um novo meio de comunicação. Novelas mais curtas, de 40 episódios, contracenando com duas divas, Camila Pitanga e Camila Queiroz. Foi uma grande aventura e eu espero que essa novela abra novos horizontes.

E é o mesmo Riobaldo que Caio interpreta no filme “Grande Sertão”, de Guel Arraes, com a missão de transportar o livro mais erudito da língua portuguesa para um  formato mais popular. O roteiro foi escrito por Arraes com Jorge Furtado e coloca o sertão no território das facções criminosas da periferia urbana, cercada por muros gigantescos.

Caio Blat e Herson Capri estrelam a peça Memórias do Vinho (Per Bacco)
Foto: Nana Moraes / Velvet

“É um épico, quase a história do Brasil sendo recontada, atualizada. Essa guerra civil brasileira é constante, existia no interior e também com os jagunços e cangaceiros. Hoje, existe nas favelas. Mas esse é um filme de uma importância tão gigantesca para a língua brasileira e  para a cinematografia de nosso país, que eu acho que vai crescer ao longo do tempo e se tornar cada vez  mais importante”, prevê.

Nos palcos, reviveu recentemente a parceria com Herson Capri, com quem já havia contracenado na TV, na peça “Memórias do Vinho (Per Bacco)”. No texto escrito por Jandira Ferrari pouco antes de falecer, pai e filho se reencontram depois de anos afastados. O progenitor é um engenheiro, pragmático, que deposita todo o sentimento que carrega nos vinhos com os quais preenche a adega, garrafas arrematadas em leilões, presentes, compras de oportunidade. Seu filho, estudante de cinema, enxerga na coleção uma oportunidade de sair da ruína financeira  e bancar o próximo projeto vendendo alguns rótulos. 

A paternidade é um tema universal.  Todo mundo que assistiu ao ensaio do  espetáculo se identificou em algum lugar.

“Família tem essa coisa que a gente pode brigar,  se afastar, romper e pensar de forma completamente diferente, mas é para sempre. Não tem como abandonar. Então, a gente sempre volta. Essas reconciliações e a necessidade de acertar as pontas mesmo magoado são bonitas no reencontro entre  pai e filho”, Caio diz, contando que já ficou muito  tempo afastado de seu filho Antônio (com Ana Ariel), de 21 anos, e depois se reencontraram. “É universal, é Freud. Na peça, há um acerto de contas que passa por discordâncias políticas, diferenças e expectativas geracionais. São temas muitos importantes, caros. Eu já tive esse tipo de conflito com meu pai”, confessa.

Caio Blat em cena da peça Memórias do Vinho (Per Bacco)
Foto: Bruna Castanheira / Velvet

E se Antônio e Bento, filho dele com Maria Ribeiro, quiserem descobrir pistas secretas sobre a vida do  pai Caio? “Devem começar pelos teatros da Praça  Roosevelt (no centro de São Paulo)”, gargalha Blat. Dali, onde começou, para o Brasil, nunca teve medo  de encarar os desafios da profissão, seja em qual plataforma estiver se apresentando.

Mas teme, entretanto, que o planeta não sobreviva  à ação predatória do homem. “Meus filhos, que estão virando adultos, vão ter um mundo saudável para  crescer e se desenvolver?”, ele indaga, entre um samba e outro que escuta para relaxar. Ainda dá aulas de teatro em comunidades e tenta indicar caminhos para jovens sonhadores.

Aos 44, se encontrasse o Caio de 20,  só teria um recado para dar: avisar que a vida só melhora. Mas não tem certeza se ele mesmo o ouviria na juventude. “Quando tinha 20 anos, só pensava em conquistar o mundo”. O fato é que, tanto nessa ânsia da juventude quanto na serenidade do meio do caminho, as respostas estão sempre onde o coração está. “O amor é o que move as pessoas”, diz. 

O planeta vai resistir à ação predatória  dos homens? Meus filhos vão ter um mundo  saudável para crescer e se desenvolver?

Caio Blat
Foto: Bruna Castanheira / Velvet

► Confira outras entrevistas especiais da revista Velvet

Fonte: Velvet Conteúdos da revista Velvet
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se