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100 dias do governo Lula são marcados por nova regra fiscal, retomada de programas e embates com BC

Veja destaques como arcabouço fiscal, retomada do imposto sobre combustíveis, aumento do salário mínimo, relançamento de programas e mais

10 abr 2023 - 05h00
O presidente Lula (PT)
O presidente Lula (PT)
Foto: Ricardo Stuckert

Nesta segunda-feira, 10, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias de governo. Nesse tempo, a gestão investiu em algumas medidas econômicas e fiscais, e também apostou no relançamento de programas que marcaram os governos anteriores.

Entre os destaques estão o novo arcabouço fiscal, a retomada dos impostos sobre combustíveis, o aumento do salário mínimo, a elevação da isenção do Imposto de Renda, entre outros. Confira:

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Novo arcabouço fiscal

No dia 30 de março, as regras da proposta de nova regra fiscal - chamadas de arcabouço fiscal - foram anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após serem apresentadas ao Senado.

Se aprovada no Congresso Nacional, o pacote de medidas vai substituir o teto de gastos - mecanismo que desde 2017 atrela o crescimento das despesas à inflação.

Bolsa Família, salário mínimo e isenção do IR

Outra medida do governo neste 100 dias foi a Medida Provisória (MP) que recriou o Bolsa Família, programa de transferência de renda que marcou seus governos anteriores e que foi substituído pelo Auxílio Brasil na gestão anterior, de Jair Bolsonaro (PL).

O novo Bolsa Família segue com benefício de R$ 600, valor que já era pago pelo Auxílio Brasil, com adicional de R$ 150 para cada criança de seis anos na família e outros R$ 50 adicionais para crianças com mais de sete anos até jovens com menos de 18 anos. Com a nova formulação do programa, mais 700 mil famílias serão contempladas após um pente fino feito pelo governo, que identificou 1,5 milhão beneficiários fora das regras da plataforma.

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Além disso, também foi anunciada a elevação do salário mínimo dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 a partir de maio. De acordo com o presidente Lula, o salário mínimo passará a ter uma nova fórmula de reajuste anual que levará em conta o crescimento da economia, além da inflação.

O chefe do Executivo também afirmou, na mesma ocasião, que a isenção de Imposto de Renda será ampliada para todos que recebem até R$ 2.640 mensais.

Imposto sobre combustíveis

No final de fevereiro, o ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou a retomada da cobrança dos impostos federais PIS e Cofins sobre combustíveis. Em coletiva, Haddad afirmou que o tributo da gasolina será de  R$ 0,47, e a do etanol, R$ 0,02.

O ministro também anunciou o acordo com Estados para serem compensados pelas perdas provocadas pela limitação do ICMS sobre combustíveis em um total de R$ 26,9 bilhões.

Fundo Amazônia

O Fundo Amazônia, suspenso durante o governo Bolsonaro, tem sido retomado no atual governo. Durante viagem de Lula para os Estados Unidos, o presidente norte-americano Joe Biden anunciou a adesão do país ao fundo.

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Juros do consignado, passagens aéreas e reajustes

Em março, o Conselho Nacional de Previdência Social decidiu baixar o teto de juros cobrados no empréstimo consignado a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O ministro da Previdência e presidente do conselho, Carlos Lupi, anunciou a redução do teto dos atuais 2,14% ao mês para 1,70% para aposentados e pensionistas.

Já o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), anunciou o Voa Brasil, programa formatado para que um público específico, com renda de até R$ 6,8 mil, possa comprar passagens aéreas a R$ 200. A ideia, segundo ele, é que as companhias aéreas tenham um segmento dentro de seus programas de fidelidade dedicado ao programa. Com ele, servidores, aposentados e pensionistas, além de estudantes com Fies, poderão comprar duas passagens por ano ao preço de R$ 200 cada, parcelar em 12 vezes por meio de financiamento da Caixa, que fica então responsável por fazer o pagamento às áreas.

Nesses 100 dias de governo, houve também o anúncio de reajuste de bolsas da Capes, que variam de 25% a 200% nas bolsas de graduação, pós-graduação, de iniciação científica e na Bolsa Permanência. Sem reajuste desde 2013, as bolsas de mestrado e doutorado terão aumento de 40% e as de pós-doutorado, de 25%:

Outro reajuste anunciado é sobre o acordo que garante um reajuste linear de 9% nos salários de funcionários federais a partir de maio, além de um aumento de R$ 200 (43,6%) no auxílio-alimentação, que passa de R$ 458 para R$ 658. Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o acordo cabe na reserva de R$ 11,2 bilhões no orçamento de 2023 para essa finalidade. Para que o reajuste entre em vigor, será preciso aprovar um PLN no Congresso Nacional.

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Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos

Além do Bolsa Família, outro programa que marcou os governos Lula anteriores é o Minha Casa, Minha Vida, relançado nesses 100 dias de governo. No anúncio, Lula diz que o novo programa contempla famílias que moram em áreas urbanas que recebem até R$ 8 mil de renda bruta por mês. O desenho do programa irá contemplar também locação social de imóveis em áreas urbanas.

Nas áreas rurais, a faixa Rural 1 contempla quem tem renda bruta familiar anual de até R$ 31.680. A Faixa Rural 2 atenderá famílias com renda bruta anual de R$ 31.680,01 até R$ 52.800. Já o Faixa Rural 3 servirá para famílias com renda bruta anual de R$ 52.800,01 até R$ 96.000.

Já o programa Mais Médicos, criado em 2013 para levar médicos a regiões remotas e que quase foi extinto na gestão Bolsonaro, foi repaginado com a previsão de contratação de mais 15 mil profissionais até o fim do ano.

Batizado de Mais Médicos para o Brasil, o novo programa dará prioridade a brasileiros e pretende ampliar o número de profissionais de saúde no SUS, principalmente em áreas mais vulneráveis. Haverá ainda investimentos na construção e reformas de unidades básicas para o atendimento da população

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Embates com o Banco Central

Marcou ainda os 100 dias de governo Lula os conflitos e embates com autoridades do governo, como o próprio presidente e o ministro Haddad, e o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto – indicado por Bolsonaro ao cargo – a respeito da taxa básica de juros, a Selic.

Em entrevistas, Lula subiu o tom das suas críticas ao Banco Central e a Roberto Campos Neto, dizendo que "não tem explicação" para o patamar da Selic - atualmente em 13,75% ao ano.

Em meio às críticas do governo Lula, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia é um "órgão técnico" e que, por isso, "não deveria se envolver em termos políticos".

E na semana que o Copom se reuniu para discutir a mais recente manutenção da taxa básica de juros, Lula voltou a mencionar o assunto, dizendo que irá "continuar batendo" na Selic.

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"Vou continuar batendo, tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a economia possa voltar a ter investimento", afirmou Lula.  

Metas ainda por vir

Ainda há planos do governo Lula que não saíram do papel, como o programa de investimentos em infraestrutura informalmente batizado de "novo PAC", que deve ser divulgado no final de abril.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reforçou que o novo programa de obras será composto de investimentos federais, concessões e um incentivo a novos projetos de Parceria Público-Privada (PPP).

A Casa Civil tem em mãos uma lista de mais de 400 empreendimentos listados como prioritários pelos Estados - a pasta ainda selecionará o que entrará no plano.

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Em cerimônia no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, Lula também anunciou um pacote de medidas para assegurar a igualdade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho. O projeto ainda será analisado no Congresso.

Outra ideia do governo este ano é o reajuste de até 39% dos repasses de verbas para o Programa de Alimentação Escolar (Pnae), após cinco anos sem correções e defasagem de 35% com o acúmulo da inflação.

De acordo com o governo, a previsão é de investir 5,5 bilhões de reais no programa de merenda escolar, auxiliando cerca de 40 milhões de alunos da rede pública

Além disso, o governo também prevê um programa para combater a seca, chamado Água para Todos, e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), para distribuição de comida para famílias carentes.

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Também está em andamento um programa econômico que destinará cerca de R$ 2 bilhões para micro e pequenos empreendedores através do BNDES.

Fonte: Redação Terra
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