Até que ponto vai uma situação para que possa se configurar como uma perseguição no local de trabalho? Na área de recursos humanos, por exemplo, é normal que o colaborador ouça críticas e cobranças, mas qual o limite de um comportamento excessivo?
Alex Antonio de Araújo, especialista em recursos humanos e também CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, explica que, geralmente, a perseguição no ambiente de trabalho é feita de forma gradativa.
“Começam de forma bem discreta, sempre em tom de brincadeira e depois vão se agravando de modo que a vítima muitas vezes demora para perceber que há algo errado de fato acontecendo. Para amenizar a situação, é de extrema importância que as empresas desenvolvam programas que priorizem o bem-estar e a igualdade perante os colaboradores", diz ele.
"Não importa se a pessoa está há 20 anos ou há dois dias, elas devem ter as mesmas oportunidades de crescimento. Quando isso ocorre, os problemas de perseguição diminuem. É necessário ser transparente quanto às regras, para que o gestor não veja uma queda no desempenho. Quando uma companhia perpetua uma visão lateral, sempre vão existir profissionais insatisfeitos com sua carreira”, completa.
Sinais de alerta
A perseguição se caracteriza pela exposição do colaborador a situações constrangedoras e muitas vezes humilhantes de forma repetida e prolongada, quando o constrangedor sai espalhando fake news para os demais colegas da empresa, criando um isolamento forçado da vítima a ponto de desestabilizar e fragilizar o colaborador.
Alex lista alguns sinais quando um profissional sofre perseguição no ambiente de trabalho:
• Críticas recorrentes, excessivas e desmentidas - sem justificativas coerentes;
• Comentários desrespeitosos e ofensivos, muitas vezes não relacionados ao trabalho em si, mas a personalidade e vida pessoal do colaborador;
• Afastamento do profissional em questão de atividades e discussões que tragam um posicionamento e visibilidade positiva;
• Provocações constantes;
• Elogios direcionados a um profissional da mesma equipe, que participam dos mesmos projetos ou atividades e nunca direcionado ao colaborador em questão; críticas públicas a este profissional, entre outros.
O gestor tem que ser informado
Quando o profissional perceber que está enquadrado de forma direta nesses sinais, recomenda-se como primeiro passo chamar o gestor para uma conversa franca e citar que esta tendo a sensação de que estão acontecendo fatos que não condizem com a política de trabalho e de convivência que está acostumado e que gostaria de certificar diretamente com ele para não criar ruídos desnecessários.
Importante exemplificar casos e deixar claro como está se sentindo e também ter escuta para ouvir como o que a outra pessoa tem a dizer.
Caso a perseguição continue, recomenda-se não “bater de frente”, mas sim deixar claro com atitudes que está ali para trabalhar, entregar o melhor resultado e que não vai se abater e nem desviar de cumprir seus objetivos.
Segundo o especialista, “o perseguidor geralmente perde o interesse em perseguir o colaborador quando este mantém a sua inteligência emocional equilibrada e segue com seu trabalho”.
Se ainda assim persistir e a situação se agravar, busque o RH ou outro canal da empresa para expor a situação. Juridicamente, ainda que a lei trabalhista não especifique a “perseguição” no trabalho, ela é considerada pela Justiça Trabalhista como um tipo de assédio moral.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.