"Quero ganhar sempre", diz Bernard Arnault, do grupo LVMH. O magnata do alto luxo não disfarça o espírito competitivo. Mas ao contrário da maioria das pessoas muito ambiciosas, ele prefere atuar sem estardalhaço. Conduz negociações com discrição, ainda que seja conhecido por abordagens contundentes quando quer comprar uma empresa ou marca.
O impulso de competidor o fez ganhar alguns apelidos. Entre os quais, 'Lobo de cashmere' (um predador que nunca perde a elegância) e 'Maquiavel das Finanças' (hábil manipulador em busca de mais e mais lucro). O jeito aparentemente tímido e a blindagem da vida íntima o distinguem de bilionários exibicionistas e ostentadores como Jeff Bezos (Amazon e Blue Origin) e Elon Musk (Tesla e SpaceX).
Engenheiro, Arnault entrou para o mercado de artigos para o público 'AAA' em 1985. Hoje, possui 75 marcas que fazem parte do sonho de consumo de qualquer um. Destaque para Moët & Chandon, Veuve Clicquot, Dior, Louis Vuitton, Céline, Pucci, Fendi, Givenchy, Kenzo, Marc Jacobs, Guerlain, Loewe, Bulgari, Hublot, TAG Heuer, Tiffany, Sephora e Belmond Hotéis.
A depender do ranking, Bernard Arnault oscila entre o segundo e terceiro lugares entre os maiores bilionários do mundo – em maio, chegou a ultrapassar por algumas horas o líder Jeff Bezos. O empresário francês, de 72 anos, tem fortuna equivalente a quase R$ 1 trilhão. Sem pensar em aposentadoria, ambiciona expandir ainda mais sua holding. Selecionamos algumas curiosidades a respeito dele:
- filho de industriais, pegou 15 milhões de dólares emprestados da família em 1985 para assumir o controle da então decadente Dior. Em apenas dois anos, renovou a marca e multiplicou o faturamento. A boa fama no meio empresarial o fez conseguir novos financiamentos para adquirir outras etiquetas adoradas pela elite.
- em Paris, ele mora com a segunda mulher, a pianista canadense Hélène Mercier, em numa mansão com aspecto de fortaleza comprada em 2005 da socialite mineira Bethy Lagardère, ex-modelo e viúva do bilionário Jean-Luc Lagardère. Tem casas também em Londres, Saint-Tropez e nas Bahamas, além de castelos no interior da França.
- Bernard Arnault é conservador associado ao pensamento de direita. Em 1981, mudou-se para os Estados Unidos por temer o governo do presidente socialista François Mitterrand. Não se deu bem na América e voltou à França. Em entrevistas recentes, reviu sua posição: elogiou a política pró-negócios dos anos Mitterrand.
- entre os vários rivais, Arnault compete principalmente com o também francês François Pinault, 84 anos, dono da companhia de luxo Kering (Gucci, Saint Laurent, Balenciaga, Bottega Veneta, Alexander McQueen, Boucheron, Cartier, Puma). Os dois disputam para ver quem tem as obras de arte mais valiosas e doa mais a projetos culturais. Uma guerra de egos que movimenta milhões de euros e agita a alta sociedade parisiense.
- Bernard manteve uma amizade à distância com Steve Jobs, criador e mentor da Apple. Os dois conversavam frequentemente sobre o futuro dos negócios. O francês teria inspirado o americano, morto por um câncer aos 56 anos em 2011, a montar o conceito das lojas de seus produtos eletrônicos com sofisticação semelhante ao formato dos pontos de vendas dos artigos luxuosos da LVMH.
- um dos momentos mais emocionantes vividos pelo empresário foi numa quadra de tênis. Ele ganhou de presente dos 5 filhos uma partida com o suíço Roger Federer, recordista de títulos de Grand Slam, com 20 vitórias. Metade do jogo foi recreativo, com o campeão facilitando para o adversário bilionário. Depois, Federer atuou como se fosse uma disputa para valer. Ganhou com facilidade. Mas, sempre que possível, Bernard Arnault comenta entre amigos: “Eu já fiz 1 ponto em Roger Federer”.
- para desestressar, o imperador do luxo gosta de tocar Chopin ao piano Steinway. Tem o instrumento em sala anexa a seu escritório em Paris. No trato com os funcionários, é o mais formal possível. Jamais elogia, no máximo esboça um sorriso. Surpreendentemente, sempre foi um pai presente. Ele já iniciou a transferência gradual de ações aos herdeiros. Tem orgulho especial do filho número 3, Alexandre, 29 anos, vice-presidente executivo da Tiffany & Co. e responsável por transformar a Rimowa na mais badalada grife de malas e bolsas de viagem. É apontado como o primeiro na linha de sucessão.