Empreender é o maior sonho profissional dos moradores das favelas brasileiras e geralmente está relacionado à responsabilidade com família e com a própria favela, além de ser uma alternativa para a independência financeira. Tanto que 8 em cada 10 moradores da favela pretendem empreender no local em que vivem.
É o que aponta o Data Favela 2023, que mapeou 11.403 favelas pelo país, abrigando 16 milhões de pessoas em 6,6 milhões de domicílios. O estudo foi apresentado no início de dezembro, na Expo Favela Innovation Brasil 2023.
A pesquisa mostra, que o sonho do negócio próprio (21%) figura entre os principais desejos dos moradores das favelas. Em primeiro lugar está ter uma casa própria (27%), seguido por cursar, ou proporcionar ao filho, uma faculdade (12%), e ter sucesso profissional (10%).
Porém, a falta de apoio e responsabilidade por cuidar tanto da família quanto do lar muitas vezes se sobrepõe aos sonhos do empreendedorismo e dificulta sua realização.
Os dados mostram que 56% dos moradores de favela acreditam que projetos do governo para o apoio ao empreendedorismo nas favelas impactaria positivamente sua qualidade de vida. Entre os que já empreendem ou desejam empreender, 58% consideram o mesmo.
“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. Por isso vemos que o sonho em ter o negócio próprio está entre os principais do morador da favela, porque só empreendendo dentro da favela vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela.
Negócio próprio por necessidade
Entre as empreendedoras das favelas, 8 em cada 10 declaram ter aberto o negócio próprio mais por necessidade, mas é comum oportunidade e necessidade caminharem lado a lado, como gatilhos para a realização de um desejo pessoal: 69% citaram como motivo situações associadas à oportunidade, e 66% à necessidade.
"Mais um grande estudo do Data Favela, dessa vez detalhando para a sociedade a atuação dos empreendedores de favela, e mostrando, como somos plurais e atuamos nos mais variados segmentos. Seja na confecção e comercialização de produtos artesanais, prestação de serviços, relação com fornecedor, startups, comercialização de passagens aéreas e de ônibus, instalação minidoors nos nossos territórios, e muito mais. A potência e a inovação da favela estão por toda parte”, celebrou Celso Athayde, idealizador da Expo Favela Innovation e fundador do Data Favela.
Perfil do morador da favela
A pesquisa ainda traça o perfil dos moradores das favelas. A favela é jovem, 56% de seus moradores/as têm até 35 anos. Estima-se que 23% do total de moradores/as são crianças de até 14 anos – isso equivale a 3,7 milhões. Por outro lado, cerca de 13% dos moradores/as de favela possuem 60 anos ou mais, o que equivale a 2 milhões de pessoas.
Os negros somam 67%, quase 11 milhões de pessoas, concentrando uma proporção maior de pessoas negras do que a média nacional (55%). Já os moradores de favelas que pertencem às classes CDE são 96%, e apenas 4% às classes AB.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.