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A economia em 2014: recessão técnica, Eike, Pasadena e mais

Em 2015, o grande desafio já está dado: Dilma anunciou a nova equipe econômica ainda em novembro para fazer a economia voltar a crescer

10 dez 2014 - 10h06
(atualizado em 5/12/2018 às 16h19)

O mais longevo ministro da Fazenda enfrenta a recessão técnica e anuncia sua despedida. Um megainvestidor declara sua amizade com o brasileiro mais rico do mundo. O antes empresário símbolo dos anos de crescimento volta “à classe média”.

Em 2014, a economia do País passou por circunstâncias inusuais.

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O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, entrou em recessão técnica nos dois primeiros trimestres do ano, ao encolher 0,2% e 0,6%, respectivamente. Uma leve recuperação no terceiro trimestre - alta de 0,1% - foi o suficiente para evitar a recessão.

O Banco Central declarou guerra à inflação ao elevar, em dezembro, a taxa básica de juros, a Selic, para 11,75% ao ano, o maior patamar desde 2011. Ao longo do ano, o indicador oficial de inflação apontou que a alta dos preços se manteve a maior parte do tempo próxima ao teto da meta de tolerância (6,5% no acumulado de 12 meses), tendo, em alguns meses, estourado esse patamar.

A partir de 2015, Guido Mantega não será mais o chefe do Ministério da Fazenda. Joaquim Levy terá a incumbência de colocar o País de volta na trajetória de crescimento, além de ajustar as contas públicas.

Neste ano, a Petrobras foi alvo de discussões acaloradas no Congresso acerca da aquisição da refinaria de Pasadena, a greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atrapalhou a divulgação das pesquisas mensais de emprego e Eike Batista usou o Twitter para explicar o que entende por classe média.

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Relembre em frases alguns dos principais fatos do ano no mundo econômico.

<p>Para Eike Batista, a classe média tem a capacidade de enfrentar situações adversas</p>
Para Eike Batista, a classe média tem a capacidade de enfrentar situações adversas
Foto: J. Humberto / AgNews

"Nasci como um jovem de classe média e você voltar para isso...é um negócio para mim, sabe, é óbvio que é um baque gigantesco na família", disse Eike Batista, presidente do Grupo EBX, em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo no dia 17 de setembro, após um longo período de silêncio.

”Esclarecendo: A mencao a classe media referia-se a sua capacidade (da classe media) de adaptar-se a situacoes adversas!!! Nao foi analogia com minha atual situacao financeira... Falava da origem da minha familia e dos desafios que tenho enfrentado,querendo dizer que nao temo voltar a ela!” (sic), escreveu Eike Batista na rede social Twitter, dois dias após a entrevista publicada pela Folha.

Jorge Paulo Lemann, amigo de Warren Buffett e o brasileiro mais rico do mundo
Foto: Andre Dusek/ Agência Estado

“Com a compra da (companhia alimentícia H. J.) Heinz, criamos um modelo de parceria que pode ser usado pela Berkshire em futuras aquisições. Aqui, formamos uma equipe com investidores da 3G Capital, uma empresa liderada por meu amigo Jorge Paulo Lemann”, afirmou o megainvestidor americano Warren Buffett, em carta aos acionistas do conglomerado Berkshire Hathaway, divulgada em 1º de março, destacando sua amizade com o homem mais rico do Brasil.

“As ações contraditórias do governo, com implicações negativas para as contas públicas e a credibilidade da política econômica, somada às estimativas de desaceleração nos próximos dois anos, continuam a limitar o desempenho da economia brasileira", escreveu a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em comunicado do dia 24 de março, quando cortou a nota da dívida soberana brasileira para BBB-, ante rating BBB. Estatais como Petrobras e Eletrobras também tiveram suas notas reduzidas para o mesmo nível.

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Graça Foster, presidente da Petrobras, teve de ir ao Congresso Nacional para explicar os recursos investidos pela petroleira para comprar uma refinaria nos Estados Unidos
Foto: Pedro França / Agência Senado

“Não foi um bom negócio”, disse a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em audiência na Câmara dos Deputados no dia 30 de abril sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. "Naquele momento (da compra da primeira parcela da refinaria), o que a Petrobras fez foi um negócio muito razoável do ponto de vista econômico. Quando eu digo que foi um projeto potencialmente bom é porque havia um potencial de ganhos." O valor pago pela estatal por 50% da refinaria foi oito vezes maior do que o valor pago pela belga Astra Oil pela unidade inteira um ano antes. Cláusula no contrato ainda obrigou a petroleira brasileira a comprar a outra metade do ativo, desembolsando um total de US$ 1,2 bilhão.

"O objetivo imediato do governo e do Ministério da Fazenda é estabelecer uma meta de superávit primário para os próximos anos", afirmou Joaquim Levy, no dia 27 de novembro, após ser anunciado pelo Planalto como ministro da Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff. A meta fiscal em 2015 será de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e, nos próximos dois anos, de no mínimo 2%.

Alexandre Tombini (à esq.), Joaquim Levy (ao centro) e Nelson Barbosa formam o trio escolhido pela presidente Dilma Rousseff para fazer o País crescer e combater a inflação
Foto: AP

“Sobre essa questão do (Joaquim) Levy, eu acho que o mais adequado é a consideração que fez meu amigo Armínio Fraga que disse ver na indicação de Joaquim Levy algo como se um grande quadro da CIA fosse convocado para dirigir a KGB", disse o senador Aécio Neves (PMDB-MG), em 25 de novembro, quando a nomeação de Levy ainda não tinha sido confirmada pelo Planalto.

“A continuidade dos processos de inclusão social depende de estabilidade, da inflação, do crescimento da economia. Acho que as duas coisas [medidas de ajuste e manutenção dos programas sociais] não são contraditórias”, disse Nelson Barbosa, anunciado em 27 de novembro como futuro ministro do Planejamento, defendendo que o ajuste nas contas que a nova equipe econômica deve realizar não vai prejudicar programas do governo.

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“Posso assegurar que o Banco Central está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre e para assegurar que essa tendência persista neste e nos próximos anos”, disse Alexandre Tombini, presidente da autoridade monetária, admitindo, em audiência no Senado no dia 18 de junho, que a inflação em 12 meses poderia estourar o teto da meta (6,5%). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou acima do teto nos meses de junho, agosto, setembro e outubro deste ano.

“Esse quadro (de baixo nível de represas de hidrelétricas deste ano) foi suficiente para que alguns especialistas passassem a anunciar o caos no setor. Felizmente isso (racionamento) não aconteceu e não acontecerá", afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em 27 de maio. Integrantes do governo tem repetido que não há risco de falta de energia no ano que vem.

"Nós sabemos que a desigualdade social é alta no País, mas ela deve ser ainda mais alta do que mostram as pesquisas", disse o economista francês Thomas Pikkety no dia 26 de novembro, em debate na Universidade de São Paulo. Seu best-seller “O Capital no Século XXI”, lançado este ano no Brasil, afirma que a desigualdade de renda estaria voltando a aumentar no mundo após décadas de queda.

“Tomamos hoje uma decisão histórica com a criação do banco dos Brics e o arranjo contingente de reservas. Quando iniciamos as negociações, poucos acreditaram que se tornaria realidade tão rapidamente”, afirmou a presidente Dilma Rousseff, no dia 15 de julho, na Cúpula dos Brics realizada em Fortaleza.

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“Considerando que a nossa greve já estava com 79 dias e que nós estávamos já com os salários cortados de maio e junho, e iriam efetuar o próximo corte do salário; considerando a liminar para tentar multar o nosso sindicato em R$ 200 mil; considerando as demissões dos trabalhadores temporários e que ameaçavam demitir mais trabalhadores ainda; e com o direito de greve sendo questionado, o que é bastante dramático; nós resolvemos recuar”, disse Suzana Drummond, diretora do sindicato que representa os trabalhadores do IBGE, no dia 13 de agosto, encerrando a greve que durou 79 dias. A paralisação impediu a divulgação das taxas de desemprego de maio, junho e julho nas datas previstas.

Guido Mantega, ministro da Fazenda até o fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

“Eu já estou aqui há três mandatos e, só na Fazenda, há dois. Dois é bom, três é demais, principalmente para minha família. Quando eu saí de casa, meu caçula tinha um ano e meio. Hoje, ele tem 13 anos. Ou seja, por 11 anos e meio o pai esteve fora. Portanto, existe uma questão familiar que se tornou muito relevante. Não tenho condições de permanecer mais um mandato. (...) Minha mulher me disse que mais um mandato e eu estou fora de casa”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista publicada pelo ao jornal O Globo, no dia 9 de setembro, justificando sua saída do Ministério da Fazenda ao término do primeiro mandato de Dilma Rousseff.

“Este é o maior IPO que o mundo já viu”, disse o diretor de operação da Sunrise Securities Corp Benedict Willis à Reuters, sobre a abertura de capital do site de comércio eletrônico chinês Alibaba na Nyse, a Bolsa de Valores de Nova York, no dia 19 de setembro. O lançamento das ações arrecadou, inicialmente, US$ 21,8 bilhões, depois saltou para US$ 25 bilhões com a venda de papéis adicionais.

"Estou feliz com o resultado das eleições, isso mostra que a população está aprovando a política econômica que estamos fazendo", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no dia 27 de outubro, um dia após a vitória de Dilma Rousseff no segundo turno das eleições à Presidência. Na época, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicavam que a economia do País tinha entrada em recessão técnica – dois trimestres consecutivos de queda.

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“Em decorrência do tempo necessário para se obter maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios contratados, proceder aos possíveis ajustes nas demonstrações contábeis com base nas denúncias e investigações relacionadas à “Operação Lava Jato”; e avaliar a necessidade de melhorias nos controles internos, a Companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data”, trecho de um comunicado da Petrobras divulgado no dia 13 de novembro, em que a petroleira diz que não iria cumprir o prazo estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para publicar o balanço do terceiro trimestre deste ano.

“Se o Congresso não construir essa flexibilização, o que nos resta é parar os investimentos e entregar o superávit (primário) que vai nos jogar no quadro de recessão e desemprego”, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, no dia 19 de novembro, defendendo a flexibilização da meta fiscal do ano.

Fonte: Terra
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