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Abandono afetivo pode gerar indenização e até exclusão de herança; conheça termo

Em uma decisão no DF, um pai foi retirado da herança da filha, após a irmã da menina contestar seu direito e alegar abandono afetivo

29 set 2024 - 05h02
Resumo
Abandono afetivo é cada vez mais abordado em decisões judiciais, podendo resultar em perda de herança e indenizações significativas.
Foto: MoJoStudio/GettyImages

Apenas no ano passado, 172 mil brasileiros foram registrados sem o nome do pai em suas certidões de nascimento. Outros tanto até têm o nome de seus progenitores em seus documentos, mas não os tiveram presentes quando precisavam. O chamado "abandono afetivo" tem sido cada vez mais abordado em decisões judiciais que buscam ressarcir filhos que cresceram sem a figura paterna.

"O abandono afetivo é basicamente a negligência, tanto pelo apoio financeiro, como psicológico e emocional", explica o advogado Kevin de Sousa, especialista em Direito da Família e Sucessões.

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Recentemente, um caso no Distrito Federal chamou atenção. Um pai foi retirado da herança da filha, após a irmã da menina contestar seu direito e alegar abandono afetivo. Na situação, o pai teria deixado a família porque a filha que morreu tinha deficiência.

Na decisão, o juiz Manuel Eduardo Pedroso Barros, da 1ª Vara Cível de Samambaia, chega a escrever, de forma literária, ao réu: "Não litigue pela herança de uma filha que o senhor não criou; não litigue pela cota parte de um lar que você não habitou; não litigue por um amor que você não semeou; não litigue!".

Abandono afetivo na legislação

O advogado Kevin de Souza explica que o termo "abandono afetivo" não está expresso no Código Civil, no entanto, em casos de heranças deixadas pelo filho para um pai, a legislação traz a hipótese de indignidade. Segundo essa argumentação, os progenitores podem perder o direito àquilo que foi deixado por terem desamparado seus filhos ou netos.

Em vida, também é possível entrar na Justiça contra o abandono afetivo. Neste caso, os filhos que se sentem desamparados podem buscar por indenizações. Souza cita indenizações que já atingiram o valor de R$ 200 mil.

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"Na maioria das vezes são indenizações significativas. Por regra, envolve condições de suficiência econômica, então, no caso, o pai ou a mãe que abandonou atualmente tem como dar uma condição mais digna para a pessoa que seria tutelada", afirma o advogado.

Em sua fala, é possível perceber que o abandono afetivo também pode ser feito por mães, mas o mais comum, até o momento, são decisões judiciais vinculadas à relação entre homens e seus filhos.

Como provar abandono afetivo

Como provar que uma pessoa nunca esteve ali? O advogado Kevin de Souza explica que as provas para esse tipo de processo são documentais e testemunhais. Ou seja, levar à Justiça que não houve pagamento de pensão alimentícia, assim como relatos de pessoas da família, da escola onde estudava, etc.

Souza acrescenta que o abandono afetivo, como o próprio nome diz, nem sempre está relacionado a dinheiro. Pais podem pagar pensão e, ainda assim, não estarem presentes.

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"Por exemplo, no caso de pais que cometem assédio moral, psicológico, sobre seus filhos, depois no caso do divórcio ou até mesmo que não dá o cuidado emocional necessário quando a criança precisa. Isso também é passível de ser reconhecido como direito de exclusão, de deserção na condição de herdeiro", afirma. 

Fonte: Redação Terra
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