O acordo entre o Mercosul e a União Europeia terá um impacto positivo de 0,34% sobre o Produto Interno Bruto do Brasil em 2044, estimou o governo brasileiro nesta sexta-feira, após os dois blocos anunciarem a conclusão das negociações para um acordo de livre comércio.
Esse impulso representaria 37 bilhões de reais, considerando o ano base de 2023.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltou que o acordo recebeu apoio das confederações nacionais da indústria, comércio, e agricultura e destacou que o tratado abre grandes oportunidades para os setores e para a economia nacional no geral.
"Estamos falando de 27 países da União Europeia, dos mais ricos do mundo, então muitas oportunidades. Isso pode ajudar a fazer o PIB do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem mais, a renda e o emprego crescer mais e derrubar a inflação, ajudar também a reduzir a inflação. Então, uma agenda extremamente positiva", disse em entrevista a jornalistas em Brasília.
Em documento divulgado à imprensa, o governo também estimou, sem detalhar, que o acordo terá um impacto de 2,65% sobre as exportações totais (52,1 bilhões de reais) e de 2,46% sobre as importações (42,1 bilhões de reais), também em 2044.
Citando um estudo prévio, Alckmin afirmou que o acordo pode impulsionar as exportações para a UE em cerca de 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.
Também estão sendo previstos para o mesmo horizonte um aumento de 0,76% nos investimentos no país e uma redução de 0,56% no nível de preços ao consumidor, além de um aumento de 0,42% nos salários reais, segundo o governo.
O acordo foi anunciado nesta sexta-feira em Montevidéu pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os presidentes dos quatro membros do Mercosul -- Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, depois de 25 anos de negociações, o que, segundo o vice-presidente, poderia não ser possível sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações.
"Quero destacar também a liderança do presidente Lula. Porque se não fosse Lula o presidente do Brasil, dificilmente esse acordo teria saído", afirmou.
Contudo, o acordo comercial ainda pode enfrentar um longo e díficil processo até efetivamente entrar em vigor. O texto precisa ser legalizado, traduzido e depois aprovado pelos países membros, em que há forte divisão, sendo a França o oponente mais feroz, que pode chegar a bloqueá-lo.
Alckmin porém, disse que os termos não podem mais ser mudados, mesmo com a oposição de Estados que fazem parte dos blocos. "Na realidade, os termos do acordo estão acertados. Então... um país que, por acaso, tenha divergência, não pode mais alterar os termos do acordo que foi celebrado", afirmou.