Esta é uma pergunta que você certamente já se fez em algum momento da vida. Eu, frequentemente, me pergunto sobre isso: afinal, dinheiro compra ou traz felicidade? Bom, quase sempre respondo para mim mesmo que dinheiro não compra felicidade. No entanto, o dinheiro pode com certeza contribuir para uma vida mais satisfatória e feliz.
Para o Terra, Marcos Piellusch, professor de finanças da FIA Business School, e Renan Diego, especialista em finanças pessoais, afirmam que o dinheiro em si não necessariamente traz felicidade, mas a falta dele ou os problemas financeiros trazem várias consequências negativas, como conflitos familiares, estresse e outros problemas de saúde.
“Várias são as evidências que relacionam a saúde financeira com benefícios para a vida pessoal”, afirma Marcos Piellusch. “Costumo dizer que o dinheiro potencializa o que nós somos. Se nós somos felizes, nós vamos ser mais felizes”, complementa Renan Diego.
O Relatório Mundial da Felicidade da Organização das Nações Unidas (ONU) inclui fatores financeiros, como a segurança financeira, entre os componentes importantes na satisfação com a vida. Países com maior bem-estar financeiro frequentemente pontuam mais alto em índices de felicidade.
Alguns estudos mostram também que o controle financeiro, feito por meio de economia de dinheiro e baixo nível de endividamento, estão relacionados ao bem-estar e a níveis mais baixos de ansiedade e depressão. Assim, estabelecer e seguir um plano financeiro pode reduzir conflitos e trazer felicidade.
“Ter controle sobre as finanças pessoais oferece a capacidade de tomar decisões alinhadas com objetivos pessoais e alcançar metas financeiras. Isso proporciona um senso de realização e satisfação, aumentando a qualidade de vida”, avalia Marcos Piellusch.
Como as pessoas devem lidar com o dinheiro
“De maneira geral, as pessoas devem lidar com o dinheiro primeiro entendendo que o dinheiro deve ser o seu servo, e não o contrário”, diz Renan Diego. “As pessoas devem entender que o dinheiro é um recurso necessário para promover bem estar e qualidade de vida, mas que é um recurso finito”, acrescenta Piellusch.
Conforme os especialistas ouvidos nesta matéria, a organização das contas, renda, gastos e investimentos é fundamental para que as decisões relacionadas ao dinheiro sejam feitas sempre com consciência – e isso tudo sem abrir mão do seu lazer e da sua qualidade de vida.
“Se você tem dívidas, você precisa eliminar as suas dívidas. Pessoas prósperas não têm dívidas. Depois, você vai precisar administrar melhor o seu dinheiro para começar a sobrar dinheiro. Sobrando todos os meses, você vai aprender a investir para poder pegar o dinheiro que está sendo poupado e multiplicar”, ensina Renan.
Devem sempre equilibrar o bem estar no presente com a preservação da qualidade de vida no futuro, não realizando gastos excessivos nem exagerando nas economias, aconselha Piellusch. “O crédito deve ser usado com moderação, sempre observando a capacidade de cumprimento das dívidas com a renda”.
Existe um valor necessário para alcançar a felicidade
Daniel Kahneman, economista e psicólogo ganhador do Prêmio Nobel de Economia, num estudo de 2010, concluiu que as pessoas alcançam a felicidade ou alegria delas se estabilizam quando sua renda atinge 75 mil dólares, o equivalente a R$ 387 mil.
Em março deste ano, no entanto, Kahneman e Matthew Killingsworth, chegaram em outra conclusão num estudo conjunto publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, a publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
O estudo apontou que as pessoas costumam ser mais felizes conforme ganham mais. Eles descobriram que a felicidade não atinge um platô após os 75 mil dólares e que a “sensação de bem-estar” pode continuar a aumentar com uma renda bem maior.
“O valor mínimo depende muito do nível de gastos da família. É possível que uma família de baixa renda tenha disciplina financeira e viva em harmonia com o dinheiro. Enquanto isso, é possível que uma família de alta renda que tenha gastos excessivos, muitas prestações de carro, imóveis, cartões de crédito e outros gastos, tenha um estresse constante e dívidas crescentes”, resume Marcos Piellusch.