O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o governo voltará às reformas nos próximos 60 a 90 dias, dando sequência ao caminho liberal que persegue após ter paralisado seu programa estrutural para se dedicar às ações emergenciais de enfrentamento ao coronavírus.
"Lançamos camadas muito ambiciosas de ajuda para os mais pobres, os mais vulneráveis, os idosos. Gastamos duas vezes mais que os países emergentes e 10% mais que a média dos países avançados nesses programas emergenciais", afirmou ele em evento online promovido pelo Acton Institute, think-tank conservador dos Estados Unidos que defende liberdades individuais e princípios religiosos.
"Agora estamos finalizando os programas emergenciais e vamos voltar para as nossas reformas, e nos próximos 60, 90 dias nós vamos acelerar", completou o ministro.
Guedes afirmou que a recessão por conta da pandemia poderá se transformar em depressão "se não lutarmos adequadamente".
Ao falar sobre a China e seu sucesso econômico nos últimos anos a despeito de ter um sistema político fechado, o ministro ponderou ser possível que não haja informações completas a respeito do país.
"Acho que nós não sabemos o bastante da China, meu entendimento é que a China oficial está colapsando", disse.
"Há cidades construídas para trezentas mil pessoas, quatrocentas mil pessoas, em que ninguém está morando. Há muito crédito dado por bancos oficiais que quebraram", afirmou.
Por outro lado, ele ressaltou que o Brasil é amigo da China e que as exportações para o gigante asiático têm crescido, mesmo com o surto de Covid-19, o que é positivo para o país.
Ecoando comentários recentes, ele disse que a maldição de não integração às cadeias globais de valor acabou se tornando uma benção para o Brasil no momento, uma vez que o país tem sofrido menos no tocante às trocas comerciais.
"Os chineses precisam de proteína, precisam comer. E nós somos exportadores de commodities, minerais, tudo que eles precisam", destacou.
Guedes disse ainda que, olhando à frente, o desafio do país é completar a transição do sistema democrático, com descentralização de recursos financeiros e do poder político, além de abertura da economia e promoção de mais competição.