A Climatempo indica como cenário mais provável o início da La Niña para o mês atual, outubro ou até, mesmo novembro.
"A temperatura do Pacífico equatorial central na região do Nino3.4 apresenta anomalias de -0,3°C abaixo da média. Para a gente chamar de La Niña ela precisa ficar na faixa de -0,5°C ou menos. A tendência é que ela resfrie mais nas próximas semanas", analisa Ana Clara Marques, meteorologista da Climatempo.
A especialista acrescenta que oficialmente, é provável que a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), não chame esse período de La Niña porque existem dois limiares para essa caracterização. O primeiro é a manutenção de temperaturas abaixo de -0,5ºC e o segundo é o tempo de duração. Para a NOAA chamar de La Niña oficialmente precisa caracterizar pelo menos cinco trimestres consecutivos sobrepostos com a média móvel abaixo de -0,5ºC. Resumindo, precisaria ficar em 0,5ºC abaixo da média pelo menos uns 8 meses e esse padrão de duração não irá acontecer com o fenômeno, mas vamos atingir o limiar nesta transição entre Outubro e Novembro.
"O consenso junto com os demais meteorologistas da Climatempo é que mesmo a NOAA, não classificando oficialmente como uma La Niña para o Brasil, pensando em temperatura e chuva podemos falar sim em La Niña, mas com efeito pontual e localizado. Poucos meses do Verão terão cara de La Niña, mas ainda sim com alguns efeitos pontuais e pequenos serão sentidos", prevê Marques.
O fenômeno deve ter fraca intensidade e curta duração, perdendo força entre fevereiro e março de 2025.
Impactos na Agricultura
Os impactos da La Niña serão bastante pontuais, tendo efeitos localizados no extremo norte do país e no extremo sul. As demais áreas do Brasil não terão impactos expressivos deste fenômeno.
De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, haverá menos picos de calor se comparado ao ano passado. Será um verão ameno e, independente de nomenclatura de La Niña pela NOAA, esse resfriamento deve ter impacto mais efetivo no final do ano. O verão deve ser marcado por uma maior frequência de corredores de umidade e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
"Os corredores de umidade começam a partir de novembro e em dezembro aumenta o risco para termos janelas de invernada. Dezembro e janeiro são meses tradicionalmente mais chuvosos, por isso, áreas do interior do Sudeste e Centro-Oeste vão dar sinais de bastante umidade nestes meses. Isso preocupa um pouco, já que as lavouras de soja estarão em fase final de desenvolvimento e início de colheita", diz a meteorologista.
"As temperaturas devem ficar mais próximas da normalidade. Não será um verão com temperaturas baixas e os picos de calor serão menos intensos e duradouros", prevê.
Fonte: Getty Images
Nadiara comenta que durante o verão, com o passar dos meses, a umidade começa a migrar para o centro-norte do Brasil. Com isso, começa a aumentar o risco de veranico para as áreas ao sul da América do Sul, principalmente a Argentina e, se estende em áreas do Paraguai e oeste do Rio Grande do Sul. As demais áreas do interior gaúcho, São Paulo e Mato Grosso do Sul já poderão observar um viés negativo de precipitação, mas nada acentuado.
"Não há risco de seca, apenas algumas janelas de veranico e calor", analisa Pereira.
Ainda de acordo com a meteorologista especialista em clima para o setor do Agronegócio, para as áreas do centro-norte do Brasil, o risco de invernada é maior por causa da influência Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
"A Região Norte, Mato Grosso, Goiás, norte de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, a costa da Região Sudeste irão observar uma maior frequência de corredores de umidade associados ao sistema ZCAS", finaliza a meteorologista.
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