As siderúrgicas brasileiras conseguiram implementar totalmente aumentos nos preços de aços planos em janeiro no setor de distribuição, mas as usinas devem enfrentar dificuldade para repetir a dose em fevereiro, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Inda, que representa os distribuidores, Carlos Loureiro.
O executivo afirmou que os reajustes implantados em janeiro variaram de 5% a 8% e pegaram carona na forte valorização do dólar contra o real no final do ano passado. Mas com o recuo da moeda norte-americana nos primeiros dias de 2025, a força de precificação das usinas fica sob pressão.
"Acho que com a queda do dólar neste começo de ano, vejo uma certa dificuldade das usinas em colocarem novo aumento em fevereiro", disse Loureiro em entrevista a jornalistas ao ser questionado sobre rumores do mercado a respeito de eventuais novos reajustes no próximo mês. "Alguma coisa está sendo falada, mas sem muita força", acrescentou.
Segundo ele, os reajustes no início de janeiro ocorreram diante de restrições na oferta das usinas, "que resistiram bem e implantaram o aumento".
Em dezembro, as vendas de aços planos por distribuidores caíram 16% ante novembro e recuaram 5,4% sobre um ano antes, para 249,4 mil toneladas. Em 2024 como um todo, as vendas somaram 3,84 milhões de toneladas, alta de 1,1%.
Para janeiro, a expectativa do Inda é de alta de 15% ante dezembro de 2024. Na comparação com janeiro de 2024, a previsão é de queda de 13,1%.
Loureiro afirmou que a previsão do Inda para as vendas do setor este ano é de crescimento de 1,5% ante expectativa das usinas de expansão de 3% a 4%. A projeção do Inda pode ser revista em abril, segundo o presidente da entidade.
O setor de distribuição, responsável por cerca de um terço das vendas das usinas siderúrgicas brasileiras, estimou estoques ao final de dezembro de 1 milhão de toneladas de aços planos, 3,3% acima do apurado em novembro. O volume representa 4,1 meses de comercialização, nível elevado ante a média histórica de 2,5 a 2,8 meses, segundo os dados do Inda.
Apesar dos números de importação terem mostrado queda ano a ano em dezembro, de 55,4% para 123,5 mil toneladas, Loureiro afirmou que o volume de material importado estocado no Porto de São Francisco do Sul (SC) e ainda não internalizado é tão grande que os navios que chegam com as cargas estão tendo que esperar abertura de espaço no terminal para descarregarem.
O porto catarinense tem sido nos últimos anos a principal porta de entrada de importações de aços planos no Brasil. Em dezembro, a participação do terminal no total importado pelo país foi de 74,5%, segundo os dados do Inda, com cerca de 100 mil toneladas. No ano, a fatia do porto foi de 41,7%, ante 16,5% de Itaguaí, no Rio de Janeiro.