Americanas: executivos se reuniam em 'sala blindada' e envolviam bancos em fraudes

O esquema era para "encobrir operações de risco sacado, garantindo continuidade das fraudes contábeis e a não identificação pela auditoria"

1 jul 2024 - 14h57
(atualizado às 23h25)
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

As fraudes que possibilitaram que um rombo de mais de R$ 25 bilhões passasse despercebido nas contas das lojas Americanas foram feitas por meio de um esquema robusto. Isso é o que indicam as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Em um documento, ao qual o jornal O Globo teve acesso, é detalhada a forma de atuação do grupo de executivos para manter o rombo escondido da auditoria.

Tais executivos costumavam se reuniar no que chamavam de "sala blindada", que nada mais era que uma sala comum na sede das Americanas, no centro do Rio de Janeiro. Lá, temas sensíveis e planos de ação eram discutidos pelo grupo supostamente envolvido nas fraudes.

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Em trocas de mensagens obtidas pelas investigações, há evidências de que o grupo cooptava funcionários de bancos para que eles alterassem informações nas cartas de circularização, que é um documento enviado à auditoria, em que é informado o saldo existente e a receber de terceiros.

O esquema atuava "de modo a encobrir as operações de risco sacado, garantindo assim a continuidade das fraudes contábeis e a não identificação pelas auditorias”, detalha o MPF.

Em mensagens trocadas em 2017, em um grupo chamado "Auditoria 2016", os executivos discutem preocupações com relação a tais cartas. No dia 2 de fevereiro daquele ano, o então diretor financeiro Fábio Abrate diz que um dos bancos está "confeccionando a terceira versão para mandar", após terem errado por duas vezes o que devia estar escrito na carta de circularização.

Na sequência, o diretor executivo Luiz Augusto Saraiva Henriques, da tesouraria das Americanas, demonstra preocupação e sugere: "Vamos falar na blindada." Dias depois, uma nova menção à sala de reunião é feita, agora por Abrate, que marca um encontro no local.

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Ainda de acordo com o jornal, as investigações também encontraram trocas de emails em que um funcionário deste banco pergunta o que deve ser escrito na carta de circularização. O esquema, porém, só é completo cerca de 20 dias depois, com um segundo banco, que aceita fazer a carta sem os valores das operações de risco sacado.

Fonte: Redação Terra
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