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Americanas volta a refutar afirmações do ex-CEO Miguel Gutierrez sobre trio de acionistas

Gutierrez argumenta que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira sabiam do rombo bilionário na empresa

11 set 2023 - 10h13
(atualizado às 11h00)

A Americanas voltou a refutar, em nota, as acusações feitas pelo seu ex-CEO, Miguel Gutierrez, de que os três acionistas principais da companhia - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e, principalmente, Carlos Alberto Sicupira - sabiam do rombo bilionário que levou a empresa à recuperação judicial este ano. O ex-presidente da Americanas, suspeito de ter acobertado uma fraude de R$ 20 bilhões nas contas da empresa, fez as acusações em uma declaração, encaminhada por meio de seus advogados, no processo em que o Banco Bradesco procura antecipar a produção de provas sobre o que houve na empresa.

Em nota, a empresa diz que "o ex-dirigente da Americanas não apresentou contraprovas, em nenhum momento, para os documentos e fatos apresentados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no dia 13 de junho de 2023, que demonstram a sua participação na fraude, evidenciada novamente em mais dados apresentados nesta manifestação aos autos do referido processo. O mesmo se deu com os demais órgãos competentes que atuam nas investigações do ocorrido e que já acataram e homologaram delações premiadas de ex-executivos da companhia."

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A reportagem procurou o Bradesco e a defesa de Miguel Gutierrez para que comentassem a nota da Americanas. Este texto será atualizado assim que eles se manifestarem.

Provas

A Americanas afirma na nota que "foi a única parte a apresentar provas no âmbito do processo judicial e reitera a afirmação sobre a fraude e a responsabilidade direta do ex-CEO a partir da exposição de novas evidências apresentadas nesta manifestação". São citadas, na nota, três dessas provas:

  1. arquivo digitalizado com anotações de próprio punho de Miguel Gutierrez, localizadas em equipamento eletrônico da companhia por ele utilizado, em materiais que apontam a existência de duas versões dos demonstrativos da Americanas, uma de uso interno da antiga diretoria e outra destinada ao Conselho de Administração;
  2. e-mail enviado por Miguel Gutierrez aos ex-diretores, com orientações para que não fossem levadas, em reunião com Sérgio Rial, respostas a dúvidas sensíveis em relação ao 4T22 e endividamento da companhia;
  3. e-mail enviado pelo ex-CEO aos ex-diretores envolvidos na fraude, pelo qual Miguel Gutierrez reclama do "mar de comentários", referindo-se a diligentes questionamentos dos membros do Comitê de Auditoria, em linha com as boas práticas de governança recomendadas.

Além disso, o grupo diz ainda ter identificado "contradições e mentiras" na carta apresentada por Gutierrez. Entre elas, o fato de o ex-executivo ter alegado que a companhia passava por situação financeira difícil no segundo semestre, que precisaria de aporte de capital e que todos os órgãos da administração tinham ciência disso.

"Documentos apresentados ao Comitê Financeiro em 07/11/22, arquivados no portal de governança da companhia e já disponibilizados à CPI e demais autoridades, mostram de forma inequívoca que a antiga diretoria, liderada por Miguel Gutierrez, apresentou aos conselheiros visão de que a Americanas geraria R$ 500 milhões de caixa no 4º trimestre de 2022 e continuaria gerando caixa nos anos subsequentes, mantendo índice de endividamento financeiro saudável", diz a nota.

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A Americanas refutou, em nota, as acusações feitas pelo seu ex-CEO, Miguel Gutierrez, de que os três acionistas principais da companhia sabiam do rombo bilionário que levou a empresa à recuperação judicial este ano
A Americanas refutou, em nota, as acusações feitas pelo seu ex-CEO, Miguel Gutierrez, de que os três acionistas principais da companhia sabiam do rombo bilionário que levou a empresa à recuperação judicial este ano
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Ainda segundo a Americanas, uma outra argumentação "sem fundamento" é a de que os "órgãos sociais" da companhia deliberavam sobre questões estratégicas da Americanas sem conhecimento e participação do ex-CEO. "Esta falsa afirmativa cai por terra diante de mensagem sobre ações do Comitê Financeiro, assim como de agendas de reuniões do Conselho, que mostram que o senhor Miguel Gutierrez era ativo na gestão da companhia, como é de se esperar de qualquer Presidente de empresa."

Na nota, a Americanas diz reiterar que "tanto as afirmações supracitadas quanto as evidências que as certificam constam da petição protocolada em resposta ao agravo em processo judicial de autoria do Bradesco e lamenta a posição da instituição financeira, não compartilhada pelos demais bancos credores da companhia, que seguem empenhados num consenso ao Plano de Recuperação Judicial".

"A Americanas reafirma que o relatório preliminar apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito se baseia em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores jurídicos, que formataram os documentos em um relatório que indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel Gutierrez."

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