O ano de 2023 começou a todo vapor e quem puder deve fazer um planejamento financeiro rigoroso para esta temporada, pois será um ano desafiador para a economia brasileira.
A previsão do Banco Central, por exemplo, é de que o Índice Nacional dos Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 5,31% e a inflação em 5,62%. Já a taxa básica de juros (Selic) ficará em 12,25%. Isso por que, a expectativa é que os impostos e tributos federais (que foram reduzidos em 2022), devem voltar a subir, segundo os economistas, em 2023.
“A renda dos trabalhadores continua uma das menores já registradas pelo IBGE. Em comparação a 2021, por exemplo, ela caiu 5,1%. Quando falamos de salário mínimo, o valor fixado para 2023, é de R$ 1.302. Além disso, os preços no grupo alimentos e bebidas ― que mais pesam no custo de vida das famílias pobres ― continuam elevados, no acumulado de 2022, até dezembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 5,9%. Os grupos transportes e alimentação foram os que impactaram de forma mais expressiva, o o IPCA de dezembro de 2022”, alerta a educadora financeira Aline Soaper.
“Somado a isso, um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 80% das famílias brasileiras estão endividadas. Ou seja, as projeções mostram que será um ano muito difícil para a população brasileira. Com a perspectiva de risco fiscal e as incertezas no cenário global, a população brasileira deve se preparar para apertar os cintos, do ponto de vista dos gastos, para o próximo ano”, diz ela.
“O primeiro passo é entender a atual situação e achar pontos fortes e fracos para corrigir os erros orçamentários através da criação de metas. A reserva de emergência é o passo zero. Um fundo DI ou diretamente no Tesouro SELIC. Para tal, abrir conta em uma corretora é essencial. A maneira mais simples para começar a guardar dinheiro é tendo um objetivo claro. Dessa forma, voltamos a importância da criação de metas”, diz Clara Sodré, analista de alocação e fundos da XP Inc.
Organização financeira
“O passo inicial para organização financeira é mensurar as 'entradas’ e ‘saídas’ de valores. A partir daí, fica mais fácil analisar. A organização em todas as esferas é importante para ter melhor aproveitamento. Quando o assunto é dinheiro, a organização financeira é uma alavanca para realização de objetivos a curto, médio e longo prazo. No curto, a organização ajuda a ter recursos em momentos inesperados, super eventualidades financeiras. No médio, ajuda a realizar sonhos como viagens, compra de imóvel, carro etc. No longo, contribui muito para uma aposentadoria saudável. Na média, brasileiros acima de 65 anos são dependentes financeiramente, a organização financeira nos ajudará a ser independentes”, diz Ednar Sacramento, coordenador comercial no departamento Advisory Academy da XP Inc.
A reserva de emergência
“Para se ter uma boa organização financeira, é essencial que, a partir do seu custo de vida, a pessoa inicie a construção de um fundo de emergência. A pandemia nos mostrou que nem sempre estamos preparados para lidar com situações inusitadas e, por este motivo, ter uma reserva é essencial. Pensando nisso, a minha principal dica é para que as pessoas tenham disciplina e poupem dinheiro todo mês, não importa a quantia. Assim que o salário cair na conta, reserve o valor do fundo, pois esse investimento precisa ser colocado como uma parte das suas contas”, diz Gabriela Chaves, economista e CEO da NoFront.
A necessidade do retorno financeiro
“Quando pensamos em educação financeira, sempre remetemos a investimentos que trazem grandes retornos financeiros. É comum que o primeiro pensamento seja sobre o quanto de lucro vamos conseguir. Por isso, ao investir, é essencial se atentar à rentabilidade e entender como ela se aplica. Assim, você compreende o retorno que as suas aplicações podem te trazer e consegue construir uma carteira de investimentos conforme os seus objetivos”, aconselha Pedro Sant’Anna, COO da Allugator.
Entenda a sua realidade
“Sempre me questionam sobre como começar e a minha resposta é exatamente a mesma para todas as pessoas: Entendendo a sua realidade! Não adianta ficar tentando seguir fórmulas dos gurus, se a sua realidade é outra. Uma boa maneira de fazer isso é compreendendo o quanto você custa. Minha dica é: em uma folha em branco dividida ao meio, separe de um lado todas as suas fontes de receita e do outro os seus custos mensais: fixos (aqueles que têm ainda que pare de trabalhar hoje - por exemplo a conta de luz) e variáveis (que não acontecem de maneira recorrente). Esse exercício é muito bom, porque nos dá uma dimensão real das nossas finanças. Com base no resultado, fica mais fácil entender o que está sobrando (ou até mesmo faltando) para quando separamos as nossas finanças em três: gastos essenciais, dinheiro para lazer e outros e o para guardar, fica muito mais fácil. Sim, cada vez mais precisamos entender que ter uma boa educação financeira não consiste em ter uma vida cheia de limitações e sim com consciência dos seus gastos. Para montar a sua reserva financeira, você precisa levar em consideração um teto para cobrir as suas despesas pessoais e um período de tempo. Assim, mensalmente, você guarda dinheiro pensando na construção desse montante o mais rápido possível”, indica Fernanda Ribeiro, cofundadora da Conta Black.
5 dicas de planejamento financeiro
A educadora financeira Aline Soaper separou algumas dicas para controlar os gastos em 2023 e se planejar financeiramente:
- 1. Coloque no papel ou em uma planilha tudo que você recebe, e os gastos mensais que você tem. É fazer um planejamento financeiro, para saber o custo de vida atual, qual valor necessário para a família manter as necessidades básicas;
- 2. Os alimentos e produtos de higiene, foram os que mais pesaram no bolso dos brasileiros em 2023, por isso, é essencial fazer uma pesquisa de preços do que vai comprar. Se for o caso substitua produtos que estão mais caros, por outros de marcas menos famosas;
- 3. Evite excessos dentro do orçamento familiar. Para isso, faça uma revisão do seu orçamento e veja o que é supérfluo. Ou seja, aquela assinatura de streaming que você pouco usa, aquele aplicativo do celular que você assinou e esqueceu, as cobranças automáticas que você coloca no cartão de crédito etc. Pense que, em momentos de crise, é preciso direcionar o dinheiro para o que é essencial;
- 4. Evitar adquirir novas dívidas, principalmente se você não sabe se vai ter como pagar as que ficaram de 2022;
- 5. Aumentar a renda é uma possibilidade de aumento do consumo. Para isso, o aperfeiçoamento profissional é essencial.