BRASÍLIA - Os economistas do mercado financeiro aumentaram pela 13.ª semana seguida a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o índice oficial de preços - em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 9, pelo Banco Central, mostra que a projeção passou de alta de 3,02% para 3,20%. Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
No início de junho, o mercado chegou a estimar que a inflação seria de 1,52% em 2020 - a metade da previsão atual, de pouco mais de 3%.
Nos últimos meses, porém, com a alta do dólar e com a retomada da economia, os preços voltaram a subir. Em outubro, o IPCA avançou 0,86%, a maior alta para o mês desde 2002, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, a taxa acumulada está em 3,92%.
Apesar da alta, a expectativa do mercado para a inflação deste ano segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.
Pela regra vigente, este ano o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Os analistas ouvidos para o relatório Focus elevaram a projeção para o IPCA em 2021 de 3,11% para 3,17%.
PIB e juros
A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano teve leva alteração no boletim divulgado pelo BC. A expectativa para a atividade econômica passou de retração de 4,81% para queda de 4,80%.
Para 2021, os economistas mudaram a previsão de alta de 3,34% para crescimento de 3,31%.
Eles também mantiveram suas projeções para a Selic, a taxa básica de juro, no fim de 2020 em 2% ao ano e em 2,75% em 2021.
Há duas semanas, ao manter a Selic em 2% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse que "a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno".