O governo acredita que a aprovação da reforma da Previdência resultará na recuperação das notas de crédito do Brasil, disse nesta segunda-feira o presidente Michel Temer em entrevista à rádio Bandeirantes.
No início deste mês, a agência de rating Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do Brasil de BB para BB-, o que levou o país para três graus abaixo do selo de bom pagador. No relatório em que explicou o rebaixamento, a agência afirma que o atraso no avanço das reformas e a incerteza política são os principais pontos que enfraqueceram a posição brasileira.
"Esta agência de crédito disse 'parece que não vai ser aprovada a Previdência, portanto vamos rebaixar'. Ou seja, se aprovar a reforma da Previdência, é muito provável que a nota de crédito seja recuperada", disse o presidente.
Temer admitiu que "falta convencimento" dos parlamentares para votar a Previdência, mas insistiu que há mais apoio da população ao projeto, o que deve se refletir no Congresso.
"Se não consertarmos a Previdência, daqui a dois, três anos ela não resiste. Teremos que cortar benefícios", afirmou. "Em período pré-eleitoral é natural que os deputados tenham suas angústias sobre reeleição, mas hoje quem votar contra a Previdência estará fazendo mal para o país".
Segundo Temer, sem não for votada agora, a reforma será um tema constante para todos os candidatos na próxima eleição e terá que ser feita pelo próximo presidente, já que ameaça o teto de gastos e os investimentos.
"Se não tivermos a reforma o teto de gastos corre riscos, e aí teremos que eliminar muitos investimentos", afirmou.
Temer admitiu ainda que podem ser feitas mudanças na proposta pelo Congresso, mas insistiu que o governo insiste no projeto atual. O presidente lembrou que o Planalto já concordou com a retirada da aposentadoria rural e dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC), e chegou a indicar que o acúmulo de pensões poderia ser negociado.
"A economia do projeto inicial era de 900 bilhões de reais em 10 anos. O projeto atual é em torno de 550 bilhões de reais. Entre 550 bilhões e nada, é um bom negócio", defendeu. "Mesmo que o Congresso ainda mude o projeto, sempre haverá uma redução significativa dos gastos".
EMBRAER E ELETROBRAS
Questionado na entrevista sobre o interesse da fabricante de aviões norte-americana Boeing na Embraer, Temer disse que o governo brasileiro não vai abrir mão do controle da empresa brasileira. Segundo o presidente, a Boeing pode aumentar "o quanto quiser" sua participação na Embraer, mas não poderá ter o controle da empresa.
A Boeing negocia uma participação na Embraer, e as conversas preocuparam a Saab, fabricante dos caças Gripen comprados pela Força Aérea Brasileira que tem um acordo de transferência de tecnologia para o Brasil. Temer afirmou que já deu garantias à Saab de que o controle continuará com o governo brasileiro.
Temer também disse que o governo espera concluir a privatização da Eletrobras este ano, mas reconheceu que se não for possível, ao menos o primeiro passo já foi dado com o envio de um projeto de lei ao Congresso.