A economia brasileira cresceu em abril e iniciou o segundo trimestre com desempenho bem melhor do que o esperado, mostraram dados do Banco Central nesta sexta-feira, recuperando a perda registrada no mês anterior às vésperas de decisão de política monetária.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) registrou alta de 0,56% em abril em relação ao mês anterior, mostrou dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado mostra ganho de força depois de o índice ter caído 0,14% em março, em dado revisado pelo BC de uma queda de 0,15% informada antes.
A leitura do mês ainda ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,20%, em um resultado que, junto com a desinflação em curso no país, forma um quebra-cabeças para a condução da política monetária pelo BC, em meio a persistentes críticas do governo ao nível elevado da taxa de juros.
Em abril, a produção industrial caiu 0,6% em relação a março, em dado que mostrou mais fraqueza do que o esperado, enquanto ao volume de serviços recuou bem mais do que o previsto no mês, a uma taxa de 1,6%.
Já as vendas varejistas, embora tenham subido 0,1%, iniciaram o segundo trimestre com perda de força.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve avanço de 3,31%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um ganho de 3,43%, de acordo com números observados.
De acordo com dados do IBGE, o PIB brasileiro expandiu 1,9% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, em um dado que ficou acima da expectativa graças ao impulso do setor agrícola.
No entanto, a sustentação dada pelo setor agropecuário deve perder força à frente, com setores mais sensíveis ao aperto monetário sentindo a pressão da taxa de juros elevada, o que deve continuar pesando na economia no restante do ano.
O BC volta a se reunir na semana que vem para deliberar sobre a taxa básica de juros, e a expectativa do mercado na pesquisa Focus é de manutenção no atual patamar de 13,75%, com a Selic encerrando ao ano a 12,50%.
Se por um lado a taxa elevada afeta setores sensíveis ao crédito, por outro novas medidas de transferência de renda pelo governo devem dar algum impulso, ajudando a evitar uma desaceleração mais intensa do PIB.
O Focus aponta que o mercado prevê para este ano uma expansão do PIB de 1,84%, indo a 1,27% em 2024.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.
(Edição de Luana Maria Benedito)