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Bancos brasileiros resistiriam a uma crise imobiliária, diz relatório do BC

Simulação foi feita com base na queda de preços de imóveis nos EUA

20 mar 2014 - 16h14
(atualizado às 16h14)

Os bancos brasileiros têm capacidade para resistir ao impacto de uma forte queda nos preços de imóveis residenciais, indica simulação divulgada hoje pelo Banco Central (BC), no Relatório de Estabilidade Financeira. De acordo com o relatório, a simulação foi feita devido à importância da oscilação de preços de imóveis para a estabilidade financeira.

Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, a simulação foi feita com base na queda de preços de imóveis nos Estados Unidos, que gerou a crise financeira internacional, iniciada em 2008. Conforme o relatório, apesar de, em tempos de normalidade, o valor da venda do imóvel em leilão pelo banco cobrir quase totalmente o valor do empréstimo do inadimplente, o dinheiro recuperado pela instituição financeira após o pregão equivale a apenas 70% do preço da residência.

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Com isso, só se considera insolvência (perda total do capital principal da instituição) de algum banco se houver queda de 55% no preço dos imóveis. E, para que houvesse desenquadramento de algum banco em relação às regras de exigência de capital, teria que ocorrer queda de 45%.

“Ambos os choques são maiores do que a queda acumulada, ocorrida em um período de três anos, entre os valores máximo e mínimo dos imóveis residenciais nos Estados Unidos durante a recente crise do subprime [créditos de alto risco vinculados a imóveis, com garantia insuficiente, o que desencadeou a crise financeira] de 33%”, diz o relatório. O estudo do Banco Central ressalta que o sistema financeiro como um todo não ficaria desenquadrado das regras de exigência de capital, mesmo em casos extremos de desvalorização.

De acordo com a instituição, um dos fatores que explicam a resistência dos bancos é que, no Brasil, geralmente, o imóvel não é totalmente financiado pelo banco. Então, uma parte do imóvel já fica paga. Além disso, o relatório destaca que o sistema de amortização constante (SAC), que é o mais usado, permite redução mais rápida do saldo devedor do que outros sistemas conhecidos, como o Price. Outro fator é que os bancos fazem provisões (recursos reservados para o caso de inadimplência) superiores ao mínimo regulamentar. O BC também considera que a capitalização do sistema financeiro está em níveis elevados.

Meirelles enfatizou que não há bolha imobiliária no Brasil, nem indicação de mudanças muito bruscas nos preços no país. “Com certeza pode-se dizer [que não há bolha]. Não tem elementos que possam caracterizar bolha”, destacou. Segundo ele, há bolha quando os preços dos ativos sobem sem nenhuma justificativa econômica. Meirelles acrescentou que os preços de imóveis subiram recentemente, acompanhando o aumento da renda, mas os valores vão se equilibrando à medida em que a demanda por casas é atendida.

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Fonte: Terra
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