As novas tendências do mercado imobiliário, sobretudo o de luxo, trazem cada vez mais opções para que o morador não saia de dentro do condomínio. Além de bases para carros voadores, os projetos têm apostado em opções de gastronomia, atividades infantis e práticas esportivas. Seja dentro ou fora de São Paulo, os itens têm sido desenhados de acordo com as necessidades dos moradores.
Durante o seminário Lide Real Estate, realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) com o Grupo Estado, executivos e empresários discutiram o futuro dos condomínios e as opções que vêm sendo planejadas. O diretor comercial da Helbor, Marcelo Bonanata, diz que os condomínios dentro e fora das cidades vinham disputando para ver quem oferecia mais itens de lazer.
Hoje, entretanto, o foco é ser assertivo no gosto do consumidor. "O mercado imobiliário também aprende com erros e acertos. Tinha empresa que anunciava mais de 50 itens. Hoje, procuramos entender com mais precisão o que o cliente quer e precisa", ressaltou. A Helbor está desenvolvendo o loteamento Fazenda Itapety, projeto residencial com cara de resort em Mogi das Cruzes (SP).
Para o presidente da JHSF, Thiago Alonso, o importante é atender os hobbies dos condôminos. "Hoje se discute condomínio com autódromo, com aeroporto, com restaurantes privativos e sommeliers etc. O foco é oferecer as coisas nas quais as pessoas gostam de gastar o seu tempo", afirmou.
Para o presidente de honra da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico (Adit), Felipe Cavalcante, a principal coisa que faz alguém pegar o carro e dirigir por 20 ou 30 minutos é a gastronomia. "Todo empreendimento precisa ter uma boa operação de alimentação como âncora", afirmou, citando a atração de restaurantes, praças de alimentação ou experiências como degustação de vinhos.
Por sua vez, o presidente do Grupo Ábaco, José Dombroski, disse que inserir "água" e "verde" é fundamental nos bairros planejados. A empresa tem construído lagoas e praias artificiais nos loteamentos, além de bosques, áreas paisagísticas e campos de golfe. Entre outros projetos, o Grupo Ábaco é dono do condomínio Lagoa Azul, em Araçoiaba da Serra (SP), e do Deltaville Marine, em Biguaçu (SC) - esse último tem uma marina para barcos. "A marina despertou o interesse das pessoas de alta renda e também das incorporadoras, que têm nos procurado para fazerem prédios em nossos terrenos", disse Dombroski.
Carro voador
Os condomínios de luxo de um futuro não tão distante contarão também com um novo tipo de conveniência: base para o carro voador, ou, no jargão, veículo de decolagem e pouso vertical (VTOL, na sigla em inglês). Esse é um item que já faz parte dos planos das principais incorporadoras de luxo do País. A tendência é que as bases sejam implementadas em hotéis, resorts e loteamentos a uma distância relativamente curta das cidades grandes e aeroportos.
A base para VTOLs é uma das apostas da JHSF, dona de empreendimentos de luxo como o Complexo Boa Vista - loteamento com mansões de até R$ 50 milhões, um restaurante Fasano e até um clube de surfe -, em Porto Feliz (SP). "A aposta geográfica de estar a até 100 km da cidade de São Paulo também tem a ver com acreditar que o VTOL vai ser uma realidade", afirmou Alonso, da JHSF.
Segundo ele, o loteamento já recebe cerca de 70 a 80 voos de helicópteros que levam famílias ao local nos finais de semana. Considerando que o voo de VTOL custe apenas 20% do voo de helicóptero, a tendência é que o seu uso cresça de forma acelerada nos próximos anos, segundo o executivo. "Vai ser mais barato ter um VTOL do que um carro esportivo. Em vez de a pessoa optar por comprar a terceira Ferrari ou o quinto Porsche, vai comprar um VTOL para transportar a família por cima das rodovias", disse Alonso.
A estimativa é compartilhada pelo empresário Luiz Augusto Pereira de Almeida, sócio da Sobloco Construtora, responsável pela criação da Riviera de São Lourenço, em Bertioga (SP). "É uma coisa que eu aposto muito. Os condomínios vão ter pontos para drones", afirmou.
"Daqui a uns dez anos, os drones vão ter autonomia de 100 km ou 200 km. Vão caber quatro pessoas ou mais, e ter navegação automática. As distâncias vão ficar mais curtas e os locais, mais acessíveis", estimou Almeida, prevendo que o deslocamento para o litoral de São Paulo será um dos principais atrativos.
As vendas de carros voadores já começaram em alguns países, incluindo o Brasil. Quem encabeça esse mercado por aqui é a Eve, subsidiária da Embraer, que tem cerca de 2,8 mil pedidos a serem entregues a partir de 2026. A alemã Lilium também já começou a vender o seu VTOL. l