O ritmo de crescimento de crédito concedido às famílias brasileiras está alto em todas as modalidades. Isso é o que diz parte do relatório produzido pelo Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central, nesta quarta-feira, 4. A instituição fez um alerta para o endividamento e pediu para que as instituições financeiras preservem "a qualidade das concessões".
O BC considerou que os bancos e fornecedore de crédito estão com maior apetite por risco nas concessões feitas às famílias. Com relação às empresas, o ritmo de crescimento do crédito aumentou, mas não foi notada alteração relevante nos critérios de concessão.
O documento destaca ainda que a maior dependência da tecnologia requer que as instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) tenham controles internos e sistemas de gerenciamento de risco robustos que reforcem a sua resiliência cibernética.
"Merecem particular atenção os aspectos relacionados à prestação de serviços por terceiros, aos riscos de integração de sistemas com outras empresas, e à governança de dados", apontou.
Também avaliou que os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora existam incertezas a serem acompanhadas, citando riscos relacionados à atividade econômica e ao endividamento das famílias e das empresas de menor porte.
O Comef também avaliou que a exposição do SFN ao risco da taxa de câmbio é baixa e a dependência de "funding" externo é pequena, destacando que a transparência, previsibilidade e credibilidade na condução das políticas monetária, fiscal e macroprudencial são essenciais para mitigar os riscos sistêmicos.
Em relação ao cenário global prospectivo, o Comef apontou que este ainda apresenta riscos que podem levar à materialização de cenários de reprecificação de ativos financeiros globais.
Nesse sentido, a ata listou incertezas acerca do ritmo da atividade, da extensão do período de juros elevados e dos níveis de equilíbrio das taxas de juros no longo prazo, bem como pressões decorrentes do diferencial de juros sobre as moedas, desmonte de posições concentradas em alguns ativos, preocupações quanto à sustentabilidade fiscal e suscetibilidade dos mercados a eventuais disrupções de oferta.
*com Reuters