O clima seco nos primeiros dois meses do ano foi negativo para a inflação, ao elevar os preços dos grãos e dos produtos de pecuários e as expectativas de aumento do preço da energia, apesar de ter contribuído para a queda nos preços dos produtos in natura, avaliou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira em seu Relatório de Inflação.
O BC considera, contudo, que o aumento dos preços dos grãos terá pouco impacto nos preços ao consumidor e que os preços dos produtos animais devem recuar com a volta das chuvas.
De acordo com o documento, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 6,1% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão de 5,6%, aproximando-se ainda mais do teto da meta do governo, de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Sobre o efeito do aumento do preços de grãos como café, milho e soja, "considerando o tamanho de seus pesos na cesta do IPCA, a repercussão dessa elevação dos preços no atacado tende a ser modesta."
"Uma vez encerrado o período de estiagem, as pastagens e a oferta desses produtos tendem a se recuperar", disse o BC. Para o preços de tubérculos, raízes e legumes, por exemplo, "as altas temperaturas levaram a um aumento da oferta no final de janeiro e início de fevereiro; e a um recuo atípico de preços em janeiro".
O BC elevou a expectativa de aumento dos preços administrados neste e no próximo ano em 0,5 ponto percentual, para 5%. Especificamente para os preços de eletricidade neste ano, a projeção de alta passou a 9,5%, ante 7,5%.
"O acionamento das termoelétricas elevou substancialmente o custo marginal do megawatt-hora, bem como o preço da energia negociada no mercado à vista", afirmou, sem apresentar cálculo do impacto da alta nos índices de inflação.