O Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) decidiu nesta sexta-feira pela manutenção de seu agressivo programa de flexibilização monetária e da sua avaliação da economia japonesa, que "continua sua recuperação moderada" apesar do impacto que teve o aumento recente no imposto sobre o consumo.
Ao término de sua reunião mensal de dois dias, a junta de política monetária do BOJ aprovou por unanimidade a manutenção do programa de compra em massa de títulos da dívida pública e de ativos de risco que foi iniciado em abril de 2013, destinado a duplicar a base monetária do país e terminar com o ciclo de quase duas décadas de deflação.
A entidade continuará realizando "operações para aumentar a base monetária em ritmo anual de entre 60 e 70 trilhões de ienes (US$ 589,5 bilhões e 687,7 bilhões)", segundo o documento divulgado hoje ao final da reunião.
A junta, liderada pelo presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, também avaliou os efeitos que a elevação do imposto sobre o consumo, de 5% para 8%, que entrou em vigor no dia 1º de abril, teve sobre a economia japonesa.
A economia "continuou com sua tendência de recuperação moderada, apesar de uma redução na demanda" provocada pelo aumento das taxas sobre o consumo, diz o documento do BOJ, que manteve inalterada sua análise da situação.
Em sua reunião anterior, realizada em julho, o BOJ rebaixou em um décimo sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) japonês para 2014, que deverá se expandir em até 1%, por causa do aumento no imposto sobre o consumo.
O banco central japonês também manteve intacta sua previsão sobre a inflação, estimada em torno de 1,25% anualizada, por isso prevê que sua meta de 2% para 2015 deverá ser cumprida.
Por outro lado, o BOJ decidiu diminuir sua avaliação sobre as exportações e a produção industrial, dois indicadores que mostraram "enfraquecimento" nos últimos dados disponíveis, segundo o documento publicado hoje.
Em junho, as exportações japonesas caíram 2% em estimativa anual, enquanto as importações cresceram 8,4%, o que deixou um déficit comercial de 820,2 bilhões de ienes (US$ 8,03 bilhões), o maior até agora registrado no sexto mês do ano e o 24º consecutivo.
A produção industrial, por sua vez, teve queda de 3,3% em junho em comparação com o mês anterior, o maior retrocesso nos últimos três anos.
Além disso, o Japão registrou durante o primeiro semestre do ano um déficit em conta corrente de 507,5 bilhões de ienes (US$ 4,9 bilhões), o mais alto até agora neste período, segundo os dados publicados hoje pelo governo japonês.