O Banco Central reduziu nesta terça-feira a previsão de crescimento do mercado crédito no Brasil em 2015 a 9%, ante 11% na estimativa anterior, citando a piora na economia para justificar um desempenho que, se confirmado, será o pior para o saldo total de financiamentos em 12 anos.
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Em entrevista coletiva, o chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, apontou que o resultado no ano deverá responder ao ajuste macroeconômico em curso, em especial ao aumento dos juros, sendo também impactado pelo fraco crescimento da economia, considerado por ele um fator "determinante".
Ao mesmo tempo em que o BC vem elevando a Selic - atualmente em 13,75% ao ano - para combater a inflação, o que encarece o custo dos empréstimos no País, a atividade patina em vários setores, com economistas projetando contração no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,45% neste ano.
O comportamento mais tímido do crédito deverá ser afetado sobretudo pelo menor apetite dos bancos privados em emprestar recursos. O BC vê uma expansão do estoque de crédito das instituições privadas nacionais de 4% este ano, contra projeção anterior de 7% e um aumento em 2014 de 6%.
A autoridade monetária também ajustou para baixo suas estimativas para o crescimento do crédito concedido pelos bancos públicos a 13% em 2015. Antes, o BC enxergava alta de 14%, em comparação com taxa de 16,7% do ano passado.
O mercado de crédito no país passou a dar mostras claras de desaceleração a partir de 2011, crescendo sempre menos no ano a ano. Em 2014, a expansão de 11,3% já havia sido a mais fraca desde 2003, quando o mercado avançara 8,8%.
Em dados divulgados nesta terça-feira, o BC apontou que nos 12 meses até maio o estoque total de financiamentos no País subiu 10,1%, o que indica que a autoridade monetária vê um esfriamento em curso para amparar sua projeção de alta de 9% para 2015.
Crédito livre e direcionado
Para o fechado do ano, o BC também piorou a estimativa de expansão do crédito livre de 6% para 5%, e do crédito direcionado de 16% para 14%.
A única projeção mantida inalterada foi a alta de 7% no estoque de crédito de bancos privados estrangeiros, mas essas instituições respondem pela menor fatia do bolo de financiamentos no País.
O saldo total de crédito como proporção do PIB deverá ficar em 56% no ano, contra percentual 54,7% em 2014, apontou ainda o BC, citando mudanças na metodologia para o cálculo do PIB.