O Banco Central (BC) projeta o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano a 2%, desacelerando sobre o resultado de 2013, quando a expansão ficou em 2,3%, ao mesmo tempo em que vê a inflação acima de 6% em 2014.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 6,1% neste ano pelo cenário de referência, ante previsão de 5,6%, aproximando-se ainda mais do teto da meta do governo, de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O BC também piorou a sua estimativa para a inflação em 2015, a 5,5% em 2015, um pouco acima da medida anterior (5,4%) e projeta que ela fechará o primeiro trimestre de 2016 em 5,4%, também pelo cenário de referência, que vê o dólar a R$ 2,35 e Selic a 10,75%.
Os riscos desse cenário, alertou a autoridade monetária, vêm "do comportamento das expectativas de inflação, impactadas negativamente nos últimos meses pelo nível da inflação corrente". Isso porque há dispersão de aumentos de preços e incertezas sobre os preços da gasolina e de alguns serviços públicos, como eletricidade.
"A esse respeito, o Comitê tem agido no sentido de fazer com que a elevada variação dos índices de preços observada nos últimos doze meses seja percebida pelos agentes econômicos como um processo de curta duração", trouxe o relatório.
O BC também ressaltou as pressões de preços localizadas "especialmente no segmento de alimentos in natura, embora, em princípio, trate-se de choque temporário e que tende a se reverter nos próximos meses", acrescentou.
O cenário macroeconômico do País não é dos mais animadores neste ano, quando a presidente Dilma Rousseff tentará a reeleição, com expectativas de desaceleração da atividade e inflação ainda elevada, próxima do teto da meta.
Para piorar, o Brasil teve sua classificação de risco rebaixada pela Standard & Poor's no início desta semana, apontando para a condução da política fiscal. Segundo pesquisa Focus do próprio BC, a projeção dos economistas é de que o IPCA fechará este ano a 6,28% e, 2015, a 5,80%.
Desde abril passado, o BC já elevou a Selic em 3,5 pontos percentuais, para o atual patamar de 10,75% ao ano, a fim de combater a inflação ainda pressionada. E, na avaliação dos agentes econômicos, o movimento de alta ainda vai continuar.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente e mais uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros é esperada. Para maio, também já existem apostas de outro movimento igual, o que levaria a Selic a 11,25%.