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BNDES divulga as 50 maiores tomadores de recursos do banco

Petrobras contratou junto ao BNDES R$ 62 bilhões entre 2004 e 2018; Embraer, Norte Energia e Vale aparecem em sequência

18 jan 2019 - 09h57
(atualizado às 09h59)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) publicou nesta sexta-feira, 18, uma lista dos seus 50 maiores tomadores de recursos. Petrobrás, Embraer, Norte Energia, Vale, Construtora Norberto Odebrecht, Tim, Telefônica, Oi e até o Estado de São Paulo estão entre os dez maiores. Segundo banco de fomento, é a primeira vez que esses dados são disponibilizados ao público neste formato. Confira aqui os dados.

Após a divulgação do documento, o presidente Jair Bolsonaro, que prometeu diversas vezes nos últimos meses "abrir a caixa-preta do BNDES", comemorou em seu Twitter. "Ainda vamos bem mais a fundo! BNDES divulga interessante link identificando os países que usaram os recursos financeiros do Brasil e os motivos dos empréstimos. Tire suas conclusões", escreveu.

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A ferramenta permite ao usuário ver cada operação efetuada com os 50 maiores tomadores de recursos dos últimos 15 anos (2004 a 2018), além de disponibilizar recortes trienais. A nova página da plataforma de transparência também permitirá saber se os recursos emprestados pelo BNDES para os maiores clientes foram por meio de empréstimos ou de investimento em renda variável, por compra de ações negociáveis ou por outras formas do BNDES entrar na estrutura societária da empresa.

REUTERS/Sergio Moraes
REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

A maioria dos dados já estava disponível no site da instituição de fomento, mas a nova ferramenta traz algumas informações inéditas sobre os empréstimos para a exportação de bens de capital, como antecipou o "Estadão/Broadcast" na quarta-feira.

No período de 2004 a 2018, por exemplo, Petrobrás aparece como a principal tomadora de recursos com R$ 62,429 bilhões, o equivalente a 4,05% de todos os recursos tomados no banco. Aí está incluído o aporte de R$ 24 bilhões em ações da estatal petroleira, por conta da megacapitalização realizada em 2010.

Os valores contratados pela Petrobrás sobem para R$ 85,609 bilhões se forem incluídas as subsidiárias TAG, operadora de gasodutos, e Petrobrás Netherlands. A primeira é controlada indiretamente pela estatal e está à venda. A segunda é uma subsidiária no exterior, criada apenas para controlar plataformas de petróleo usadas pela Petrobrás.

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A fabricante de aviões Embraer é o segundo maior cliente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nos últimos 15 anos, a Embraer contratou um total de R$ 49,377 bilhões em operações junto ao banco, em diversas modalidades, revela a ferramenta.

Os dados sobre os empréstimos para a exportação de bens de capital - como aviões da Embraer - eram uns dos poucos não informados pelo BNDES. Nessas operações, o banco financia os importadores, ou seja, as companhias aéreas estrangeiras que compram da Embraer, uma prática comum no mercado internacional. O BNDES alega que não podia revelar os valores contratados nessas operações porque isso revelaria os preços dos produtos, uma informação considerada estratégica no comércio exterior.

Além da Petrobrás e da Embraer, Norte Energia, Vale, Construtora Norberto Odebrecht, Tim, Telefônica, Oi e até o Estado de São Paulo completam a lista dos dez maiores clientes do BNDES. Isoladamente, a maior operação da história do banco é o financiamento de R$ 25,4 bilhões para o consórcio Norte Energia construir a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, aprovado em 2012.

Já no recorte mais recente, que engloba o período de 2016 a 2018, Embraer aparece como a maior tomadora de recursos do BNDES, com R$ 8 bilhões, seguida por Xingu Rio Transmissora de Energia (R$ 5 bilhões), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (R$ 5 bilhões), Fibria (R$ 3,4 bilhões), Belo Monte (R$ 3,2 bilhões), Rumo Malha Norte (R$ 2,39 bilhões), Concessionária de Rodovia Sul Matogrossense (R$ 2,32 bilhões), FCA Fiat Chrysler (R$ 1,77 bilhão), o município do Rio de Janeiro (R$ 1,64 bilhão)e a Concessionária Aeroporto Rio de Janeiro (R$ 1,62 bilhão).

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'Esforço de transparência'

Em nota, o banco explica que a busca por melhorar a experiência do usuário responde ao compromisso de facilitar o entendimento do público das operações efetuadas pelo banco, permitindo analisar onde a instituição mais investiu.

"Apesar da variedade de informação que o banco tem disponibilizado nos últimos três anos, há uma percepção de que os dados frequentemente estão disponíveis de uma maneira difícil para a maioria das pessoas. O objetivo é, assim, tornar a navegação mais amigável e acessível. A disponibilização da lista, com acesso a um grande número de detalhes de cada operação, é parte do esforço de transparência que o Banco tem feito e que deve ser a marca das suas ações sempre", afirma o BNDES.

O banco diz ainda que a iniciativa de facilitar a compreensão das operações do BNDES também inclui um acesso direto a todos os contratos de exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia para projetos em outros países. "Foi disponibilizado um link que permite acessar, na íntegra, os contratos assinados entre o BNDES, o país importador e a empresa brasileira exportadora de bens e serviços de engenharia", informa.

"Parte importante disso vai ser organizar melhor os dados. (Os dados) Já existem, alguns deles estão disponíveis, mas de uma maneira que fica difícil para a maior parte das pessoas entender", disse o novo presidente do banco, Joaquim Levy, na semana passada.

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Segundo o BNDES, no site estão disponíveis os contratos referentes à exportação relativa a projetos nos nossos vizinhos Argentina, Paraguai, Peru e Venezuela, assim como em Honduras, Equador, Costa Rica, Guatemala, México, República Dominicana e Cuba, além de Angola, Gana e Moçambique.

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