A Bovespa fechou com a maior alta em mais de três anos nesta sexta-feira, garantindo o melhor desempenho semanal desde 2009, com o principal índice acelerando os ganhos após a mídia noticiar que o ex-secretário do Tesouro Nacional Joaquim Levy será o novo ministro da Fazenda e que Nelson Barbosa irá para a pasta do Planejamento.
O pregão paulista já vinha embalado desde a abertura pela expectativa do anúncio da equipe econômica, que segundo o Palácio do Planalto não será nesta sexta-feira, e pela repercussão favorável do surpreendente corte de juros na China.
O Ibovespa subiu 5,02%, a 56.084 pontos, maior patamar de fechamento desde 15 de outubro. A diária foi a maior desde 9 de agosto de 2011. O avanço foi puxado principalmente pelas ações de bancos, da Petrobras e da Vale.
Na volta do feriado de quinta-feira em várias cidades brasileiras, incluindo a capital paulista, o volume financeiro do pregão atingiu R$ 12,4 bilhões, quase o dobro da média mensal, de R$ 6,4 bilhões até o dia 19.
Na semana, o principal índice do mercado acionário brasileiro subiu 8,35%, melhor desempenho semanal desde o início de maio de 2009. Com o desempenho da sessão, o Ibovespa também passou a contabilizar alta de 2,7% em novembro, depois de acumular queda de 6% no pior momento do mês. No ano, o índice acumula alta de 8,9%.
Em meio à indefinição sobre o anúncio da nova equipe econômica, o site do jornal Folha de S.Paulo cravou no meio da tarde que a presidente Dilma Rousseff escolhera Levy, que atualmente comanda a Bradesco Asset Mangement, gestora de ativos do Bradesco para assumir a Fazenda, e que o ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, assumirá a pasta do Planejamento, no seu segundo mandato.
Mais cedo, um fonte ouvida pela Reuters disse que já estava definido que Alexandre Tombini permaneceria à frente do Banco Central.
"Acredito que o mercado hoje já precifica cerca de 80% deste cenário. A confirmação destes nomes pode ajudar a dar sustentação aos mercados locais no curto prazo e, até mesmo, estimular mais uma rodada de apreciação dos ativos brasileiros", afirmou o gestor de fundo no Rio de Janeiro, que pediu para não ter o nome citado.
"Acredito que o nome de Levy é positivo, traz idoneidade e independência à política econômica. O mercado deve dar algum benefício da dúvida a está equipe no primeiro momento. Contudo, sou extremamente cético que este triunvirato terá carta branca para agir", afirmou.
O diretor da Mirae Asset Securities em São Paulo Pablo Stipanicic Spyer também destacou mais cedo o corte de juros na China como uma relevante influência positiva para a bolsa neste pregão.
"Isso reduz o custo de empréstimos naquele país e deve impulsionar a economia, que vem apresentando o pior desempenho em mais de 20 anos", afirmou Spyer, citando ainda as sinalizações do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, para novos estímulos.
A China cortou inesperadamente sua taxa básica de juros pela primeira vez em mais de dois anos nesta sexta-feira, enquanto Draghi deixou completamente abertas as portas para ações mais dramáticas para resgatar a economia da zona do euro.
As ações da Vale encontraram na "surpresa" suporte para alguma recuperação, uma vez que os papéis acumulam perda de cerca de 30% no acumulado do ano, em meio aos baixos níveis dos preços do minério de ferro.
Da cena corporativa, as ações do Grupo Pão de Açúcar (GPA) subiram 3%, enquanto as units da Via Varejo - que não faz parte do Ibovespa - avançaram 2,3%, um dia após oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Cnova, que reúne as atividades de comércio eletrônico do GPA com as de seu controlador francês Casino, na Nasdaq.
As ações foram precificadas a US$ 7 ante faixa indicativa de US$ 12,50 a US$ 14,00 estabelecida pela companhia no lançamento da oferta. Tanto GPA como Via Varejo haviam recuado na terça-feira.
Cielo terminou praticamente estável, após a confirmação na quarta-feira à noite de acordo com o Banco do Brasil para a criação de uma joint venture para gerir os negócios com cartões das duas instituições.
A queda do dólar frente ao real colocava empresas que tem suas receitas beneficiadas pela apreciação da moeda norte-americana na ponta negativa, com destaque para Embraer.