A Bovespa fechou em alta de 3,05% nesta quarta-feira. Pelo segundo dia seguido, o pregão foi beneficiado pelo ambiente financeiro internacional favorável, com investidores também na expectativa da divulgação de cortes de despesas pelo governo federal.
O Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, teve alta de 3,05%, a 49.462 pontos. O volume financeiro da sessão somou R$ 7,5 bilhões.
O setor siderúrgico foi novamente destaque de alta, em meio a informações sobre reajuste de preços, mas o tom positivo foi guiado principalmente pelo avanço dos bancos Itaú e Bradesco, com forte participação no Ibovespa.
A valorização das ações da Vale, em meio a perspectivas de investimentos em infraestrutura na China, e os ganhos da Petrobras, após acordo com credores, reforçaram a trajetória positiva da bolsa paulista.
O analista da XP Investimentos, Ricardo Kim, atribuiu o desempenho do pregão à soma da "melhora do humor externo com algumas questões micro locais, como o aguardado pacote de medidas e alta de papéis importantes, como Vale pela questão de investimentos na China e Petrobras pelo acordo com credores".
Ele, contudo, disse estar bastante cético em relação à bolsa, não vislumbrando nenhum gatilho para que o Ibovespa mude de patamar, em razão das perspectivas para a economia, "a menos que tenha algo de concreto em termos de medidas".
O dia da bolsa
Em relação às medidas fiscais, uma fonte do governo disse à Reuters na véspera que o governo deve anunciar corte nas despesas, incluindo investimentos, até que o Orçamento de 2015 seja aprovado no Congresso Nacional, o que só deve ocorrer entre fevereiro e março.
No exterior, dados fracos de inflação na zona do euro reforçaram apostas de novos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu (BCE), ajudando as bolsas, assim como o alívio na queda do petróleo e dados nos EUA.
O índice acionário europeu FSTEurofirst 300 fechou em alta de 0,5%, enquanto o índice norte-americano S&P 500. operava em alta de 1%.
Durante o ajuste de fechamento da Bovespa, o Federal Reserve divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, na qual se ateve aos planos de começar a elevar o juros ainda neste ano, apesar do debate aparentemente vigoroso sobre como comunicar suas intenções.
Petrobras e siderúrgicas puxam alta
No Brasil, as preferenciais da Petrobras subiram 4,08% após seis sessões seguidas no vermelho. Na véspera, a estatal informou que concluiu com sucesso negociação com credores que demandavam a divulgação da demonstração contábil do terceiro trimestre de 2014 - revisada por auditor externo até fim do mês.
Papéis de siderúrgicas também voltaram a se destacar entre as maiores altas, com CSN valorizando-se 10,8%, no maior ganho do Ibovespa. Uma fonte do setor da área de distribuição disse à Reuters que "as usinas anunciaram reajustes de 5% a 8% em planos em relação aos preços do quarto trimestre para aplicação a partir da segunda quinzena de janeiro".
"Acho que tem chance do reajuste ser efetivado porque com o dólar firme a R$ 2,70 os prêmios estão muito baixos e as importações no mês passado já foram baixas. Por outro lado, o resultado das siderúrgicas está muito ruim e a necessidade faz a ação", acrescentou a fonte, que pediu anonimato.
Em 2014, as siderúrgicas também reajustaram preços no início do ano e os aumentos chegaram a quase 12%.O banco BTG Pactual elevou a recomendação da Gerdau para "compra", com o analista Leonardo Correa citando, entre vários fatores favoráveis ao papel, espaço para reajuste nos preços no mercado doméstico, com o real mais fraco e recuperação dos preços de aços longos na Turquia.
Educação balança na Bovespa
Depois de acumular queda de quase 24% nos últimos quatro pregões por conta das mudanças nas regras de financiamento do ensino superior, as ações da Kroton devolveram as perdas do dia e fecharam no território positivo.
Os papéis da Estácio, contudo, ainda figuraram entre as poucas quedas do índice. Companhias do setor de educação reuniram-se com o governo na véspera e agendaram novo encontro no início da próxima semana para discutir as mudanças recentes nas regras do Fies.
Gol registrou a maior queda do índice, com recuo de 4,34%, em meio à trégua na queda do preço do petróleo.
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