A Bovespa interrompeu uma sequência de cinco pregões de queda e fechou com o seu principal índice em alta nesta quarta-feira, amparado principalmente nos ganhos das ações da Petrobras, mas com giro financeiro bem abaixo da média do ano.
O Ibovespa subiu 1,37%, a 52.320 pontos. O volume financeiro da sessão somou R$ 4,9 bilhões, enquanto a média diária do ano é de R$ 7,2 bilhões.
Colaborou para o tom positivos nas operações locais o quadro externo tranquilo, com investidores na expectativa da decisão de juros do Banco Central e do resultado da votação do projeto que altera o cálculo da meta de superávit.
De acordo com profissionais da área de renda variável, a liquidez caiu após as eleições, em meio a um quadro ainda incerto e desfavorável para a economia, que mina o humor de agentes locais e não torna o país atrativo a estrangeiros que começam a ajustar carteiras visando 2015.
As posições compradas de estrangeiros em contratos futuros do Ibovespa caíram de 113.063 mil contratos em 31 de outubro para 72.396 mil contratos até a véspera, embora o fluxo à vista tenha ficado positivo no período, segundo dados da BM&FBovespa.
O giro médio diário de negócios na bolsa em novembro reforça essa percepção: R$ 6,85 bilhões em novembro, 37% abaixo do montante de outubro e a primeira queda mensal desde julho.
Congresso reflete na Bolsa
Em relatório nesta semana, o Credit Suisse, por exemplo, recomendou posicionamento "underweight" (abaixo da média do mercado) para o Brasil em sua estratégia de ações para mercados emergentes globais.
Na visão do gestor Pedro Brandão Faga, da Capital Gestão e Investimentos, o Brasil pode sofrer um retrocesso institucional com o afrouxamento da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), enquanto o quadro macroeconômico pesa sobre as empresas e acaba influenciando os investidores estrangeiros.
A sessão do Congresso que analisará o projeto que altera o cálculo da meta de superávit foi retomada nesta quarta-feira, após ser suspensa na terça-feira pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Para o gestor Julio Erse, sócio na NP Investimentos, a expectativa é de que a nova equipe econômica coloque o país em uma rota mais sustentável. Mas, ele pondera que, no curtíssimo prazo, o cenário com menor gasto público, aumento de impostos, inflação em alta e provável elevação dos juros não é trivial para os lucros das empresas.
"O investidor acaba pedindo um pouco mais de prêmio para entender o que vem de ajuste", afirmou Erse, citando também especulações recentes sobre mudanças em tributação de dividendos e juros sobre capital próprio.
Sobe e desce das ações
A alta nas ações da Petrobras, que responderam pelo principal suporte do índice, aconteceu após sete pregões de queda nos papéis da estatal, em que as preferenciais da companhia caíram mais de 15%.
Ações de exportadoras de alimentos, como JBS, Marfrig e BRF, avançaram, também após quedas fortes recentes. Marfrig caiu quase 16% nas duas sessões anteriores.
Os papéis da Vale perderam o fôlego em relação às máximas do dia, mas terminaram no azul, após queda na véspera, quando a empresa anunciou cortes nos investimentos e projeções de produção durante reunião com investidores em NY.
Em relação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para após o fechamento do mercado, economistas estão divididos sobre o ritmo de alta da Selic, mas o mercado de DI precifica elevação da taxa básica em 0,50 ponto percentual, a 11,75%.
"É uma medida dura para o ambiente de negócios, mas se faz necessária no curto e médio prazo. É preciso colocar a casa em ordem antes de voltarmos a crescer", disse o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets, em nota à clientes.
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