Brasil e China realizaram, pela primeira vez, uma operação comercial completa e em circuito fechado com as moedas locais de ambos os países, o yuan e o real, segundo o Banco da China Brasil SA. A informação foi divulgada nessa segunda-feira, 2, pela Embaixada da China no Brasil. A transação bilateral ocorreu a partir de uma exportação de celulose da empresa Eldorado Brasil, responsável pela operação.
A companhia possui sede em São Paulo e tem representação em Xangai, na China. O material foi despachado do porto de Santos em agosto com destino ao porto de Qingdao, no país asiático. As negociações aconteceram em setembro e foram iniciadas com o yuan e finalizadas com a moeda brasileira, na última quinta-feira, 28.
A imprensa chinesa classificou a operação como um “marco histórico” para o comércio sino-brasileiro. A transação consolida ainda a negociação entre os países para que o comércio e investimentos entre ambos sejam feitos diretamente entre o real e o yuan, ideia defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a fim de potencializar o diálogo multilateral do Brasil no cenário internacional.
Em abril deste ano, durante viagem à Pequim para acompanhar a posse da ex-presidente Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o presidente defendeu o uso de uma moeda comum como lastro para as exportações entre os países do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Na ocasião, o político argumentou que “ninguém iria proibir que o Brasil aprimore suas relações” com a China e questionou a hegemonia do dólar no mercado financeiro global. “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, comentou.