A Pesquisa Expectativa de Emprego Global, divulgada hoje pelo ManpowerGroup, líder mundial no segmento de recursos humanos, revela que 24% do empresariado brasileiro pretendem aumentar as contratações no segundo trimestre deste ano. Dessazonalizado, isto é, depois de feito o ajuste sazonal do período, o número mostra aumento de 13% na intenção de contratação de pessoal.
Embora positivo, é o mais baixo nível registrado para o período de abril a junho, desde o início da pesquisa, em 2009. No trimestre anterior, a expectativa com ajuste sazonal apontava para aumento de 16% das contratações, e em igual trimestre de 2013 a expansão de mão de obra foi 24%.
Com os dados ajustados, o Brasil aparece na 15ª colocação no ranking das 20 maiores expectativas de emprego no mundo, para os meses de abril, maio e junho. A liderança é exercida pela Índia, com previsão de expansão de 41% na oferta de empregos, seguida por Taiwan (+38%), Nova Zelândia (+27%) e Turquia (+26%). A pesquisa global foi elaborada com base em 65 mil entrevistas com empregadores de 42 países.
A diretora de relações humanas do ManpowerGroup Brasil, Marcia Almström, observou que apesar da redução da expectativa de elevação dos empregos no segundo trimestre, no Brasil, as perspectivas dos setores e regiões analisadas permanecem otimistas. “A gente está com um movimento de caminhar nos investimentos em contratação de forma ainda modesta, comparativamente ao ano passado, e até olhando o primeiro trimestre, mas ainda de forma positiva”, disse ela à Agência Brasil.
Isso significa que há empresas interessadas em aumentar o número de empregos. Mas segundo Marcia, a pesquisa é um indício de que o mercado brasileiro se mostra ainda reticente. O fato de 2014 ser um ano de eleições e de jogos da Copa traz dúvidas. “São variáveis que deixam o país em uma condição reticente”, avaliou.
A sondagem indica que dos oito setores analisados, o de serviços continuou apresentando intenção mais forte de contratações no período. A expectativa de aumento de empregos é de 24%. Percentual menor que os 27% estimados para o primeiro trimestre. “Mesmo a gente estando aquém do que poderia ser, do que já viveu no primeiro trimestre e no ano passado, em um momento mais aquecido de contratação, a gente enxerga que não estamos estagnados”, disse Marcia, e ela insiste que continua existindo um movimento das organizações, de querer ampliar suas operações por meio da contratação de funcionários.
Outros setores que também demonstram otimismo em relação à geração de empregos são os de finanças, seguros e imobiliário; transportes e serviços públicos; e comércio. Todos com perspectiva de expansão em torno de 16%, cada. As menores intenções de elevação das contratações ficaram com os setores da construção e de agricultura, pesca e mineração, ambos da ordem de 3%. A pesquisa revela que no setor da construção, em particular, a queda das intenções de contratações foi bastante significativa, em relação ao primeiro trimestre do ano, que apontou aumento de 16%.
O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Nérleo Caus de Souza, confirmou a existência de uma tendência de crescimento dos postos de trabalho no setor de serviços, em especial no segmento da hotelaria. “Nós temos a implantação de diversas unidades hoteleiras em todo o país, em especial nas cidades-sedes da Copa. Nós teremos ao longo de 2014, e até as Olimpíadas [de 2016] algumas aberturas”. O viés de aumento das contratações ocorre também no segmento de alimentos e bebidas, em função da vinda de um quantitativo significativo de visitantes para esses eventos, que se contrapõe a uma diminuição do dinamismo da economia, disse Souza.
Nas cinco regiões pesquisadas, o ManpowerGroup identificou ritmo positivo de empregos, com liderança exercida pelo estado do Rio de Janeiro (+18%), seguido pelo Paraná (+15%), por São Paulo (+12%) e Minas Gerais (+11%). A expectativa de contratação mais baixa foi evidenciada na cidade de São Paulo, com índice de 8%.
Segundo explicou a diretora de RH do ManpowerGroup Brasil, a expansão do emprego, projetada no Rio de Janeiro, está ligada aos eventos esportivos que ocorrerão na capital fluminense, ao contrário do ano passado, em que as contratações foram motivadas pelo pré-sal e pela área de energia. “É indiscutível que na Copa do Mundo vai haver contratação de mão de obra muito maior no estado do que em épocas em que não existem jogos em um evento como esse”. Para Marcia Almström, a Copa e as Olimpíadas são elementos impulsionadores do emprego.
A pesquisa sobre perspectivas de contratações para o terceiro trimestre de 2014 deve ser divulgada no dia 10 de junho.