O Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 18,427 bilhões de dólares em dezembro até o dia 20, em movimento puxado pela via financeira, informou nesta quinta-feira o Banco Central.
Somente na semana passada saíram do Brasil 11,640 bilhões líquidos, sendo que no período o Banco Central realizou uma série de leilões de moeda para dar conta da demanda de empresas e fundos interessados em enviar recursos para fora do país.
Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.
Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 18,206 bilhões de dólares em dezembro até o dia 20. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.
Pelo canal comercial, o saldo de dezembro até o dia 20 foi negativo em 221 milhões de dólares.
No acumulado do ano até 20 de dezembro, o Brasil passou a registrar fluxo cambial total negativo de 10,031 bilhões de dólares.
SEMANA
Na semana passada, de 16 a 20 de dezembro, houve saídas líquidas de dólares de terça a sexta-feira. Os destaques foram as remessas de 3,725 bilhões de dólares na quinta-feira e os envios de 3,729 bilhões na sexta-feira.
Para dar conta da demanda, o BC havia realizado na quinta-feira leilões com oferta de 8 bilhões de dólares e na sexta-feira, intervenções de 7 bilhões de dólares.
Contando com operação realizada na manhã desta quinta-feira pós-Natal, o BC já vendeu um total de 30,77 bilhões de dólares para o mercado desde o início do mês, considerando leilões à vista e de linha (venda de moeda com compromisso de recompra no futuro). Ainda assim, o dólar acumula valorização de 17 centavos de real no mês até o momento.
Tradicionalmente, o fim de ano é um período de remessas de dólares ao exterior por parte de empresas e fundos, o que eleva a demanda -- e a cotação -- da moeda. Assim, os leilões do BC buscam suprir a demanda, suavizando a volatilidade.
Porém, a desconfiança do mercado na política fiscal do governo tem sido um fator adicional de pressão de alta para o dólar ante o real neste fim de ano, assim como as preocupações em torno da futura presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.