O Brasil registrou déficit em transações correntes recorde de US$ 81,374 bilhões em 2013, com o rombo não sendo financiado pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) pela primeira vez desde 2001, deixando mais evidente a deterioração das contas externas do País.
Só em dezembro, segundo informou o Banco Central (BC) nesta sexta-feira, o País registrou saldo negativo de US$ 8,678 bilhões na conta corrente, resultado pior do que esperavam economistas consultados pela Reuters, que previam saldo negativo de US$ 6,8 bilhões.
No acumulando no ano, o rombo recorde atingiu 3,66 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), maior percentual desde 2001, afetado pelo mau desempenho da balança comercial, entre outros fatores.
O forte saldo negativo da conta corrente do país não foi financiado pelo IED pela primeira vez em 12 anos. Os investimentos produtivos vindos de fora ficaram em US$ 6,490 bilhões no mês passado, somando em 2013 US$ 64,045 bilhões.
Balança e remessas
O mau desempenho nas transações correntes - que abrangem a importação e a exportação de bens e serviços e as transações unilaterais do Brasil com o exterior - veio sobretudo do fraco resultado da balança comercial que, em 2013, registrou superávit de US$ 2,558 bilhões, muito aquém dos US$ 19 bilhões vistos em 2012.
"O crescimento (do déficit em transações correntes) em comparação a 2012 se deve à redução do superávit comercial", afirmou o chefe adjunto do departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, que espera uma recuperação para 2014 por conta melhor expectativa de crescimento mundial.
Também pesaram as remessas de lucros e dividendos, que somaram US$ 4,829 bilhões em dezembro, fechando o ano passado em US$ 26,045 bilhões. A cifra é quase 10% maior do que a vista em 2012.
O BC informou ainda que os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens atingiram US$ 1,638 bilhão em dezembro e US$ 18,632 bilhões em 2013, quase 20% a mais do que um ano antes.
O cenário de deterioração para o balanço de pagamentos deve continuar em 2014, com avaliações cada mais críticas sobre a política econômica do país por parte dos agentes econômicos. O BC projeta déficit em conta corrente de US$ 78 bilhões no próximo ano, ao mesmo tempo em que espera que o IED fique em US$ 63 bilhões.