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Brasil terá primeira plataforma de investidoras-anjo negras

Iniciativa visa trazer visibilidade ao grupo sub-representado nos setores financeiro e de tecnologia, além de fomento da equidade racial

16 jul 2022 - 06h30

Será lançada neste mês a primeira plataforma de investimento-anjo liderada por mulheres negras, a Black Women Investment Network (BLACKWIN). Ela atuará como um clube de investimentos, com o objetivo de estimular as mulheres negras a investirem para viabilizar o seu protagonismo no fomento da equidade racial como investidoras-anjo.

A proposta da iniciativa é, de um lado, promover uma oportunidade de geração de riqueza pessoal e, do outro, uma fonte alternativa de capital inteligente para as empresas lideradas por pessoas negras que trazem oportunidades de negócios inovadores e de impacto para o mercado. 

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Já existem outros grupos com esse propósito em países como Senegal, Reino Unido e Estados Unidos. A estimativa do clube é que sejam investidos R$ 100 mil por rodada.

Luana Ozemela, da BlackWin
Luana Ozemela, da BlackWin
Foto: Divulgação

A plataforma nasceu de um sonho da economista e empresária Luana Ozemela, que é fundadora e CEO da DIMA Consult, empresa especializada em desenvolvimento econômico baseada no Brasil e no Catar e que atuou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington (Estados Unidos). Quando esteve na capital norte-americana Ozemela criou o primeiro programa de apoio a empreendedores negros.

Atualmente, ela também integra o conselho de diversas instituições, incluindo o Laboratório de Inovação Financeira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Sobre a nova iniciativa, a empresária afirma: “Almejamos um futuro no qual as pessoas negras sejam prósperas, protagonistas de suas vidas e contribuam para uma transformação coletiva. Queremos alcançar a equidade de gênero e raça no ecossistema de investimentos e caminhos mais eficazes para gerar prosperidade para todos”.

BlackWin visa suprir lacuna de capital semente

Segundo Jessica Silva Rios, cofundadora da BlackWin, o grupo se inspira nos movimentos de articulação econômica e social para emancipação do povo negro, liderados no século 18 por mulheres negras - como a Irmandade da Boa Morte, que reunia mulheres negras escravizadas e libertas no recôncavo baiano. 

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Jéssica Silva Rios, da BlackWin
Foto: Divulgação

Em relação ao foco do investimento, Jéssica comenta: “Nossa tese foca exclusivamente em negócios fundados por pessoas negras que detenham 50% da empresa e/ou com uma equipe majoritariamente negra em cargos de C level. Nossa ambição é tornarmos um dos grupos de investidores mais ativos em Black Founders do Brasil, suprindo a lacuna de capital semente”, diz ela.

A BlackWin já conta com um grupo de mais de 20 integrantes de várias regiões do país, atuando no mercado de investimentos nas áreas jurídica e due diligence, contábil, finanças corporativas, empreendedorismo, consultoria empresarial, compliance, administração de fundos, investimentos de impacto, entre outras.

Pessoas negras são sub-representadas em empresas

Apesar de serem 56% da população brasileira, as mulheres negras representam apenas 11% dos profissionais em empresas de tecnologia, e  homens negros são 19%, de acordo com o estudo da Pretalab.

Ana Minuto, co-fundadora do Potências Negras
Foto: Divulgação

Para Ana Minuto, CEO da Minuto Consultoria Empresarial & Carreira, isso impacta negativamente o desenvolvimento das empresas: “Quando pensarmos em sustentabilidade nas empresas, elas terão que reavaliar o processo de recrutamento e seleção utilizados. Essa mudança é importante para que a população negra esteja inserida neste processo, se desenvolvendo e trazendo novas possibilidades. A população negra é o caminho para um mundo mais equânime, mais próspero e abundante”, comentou Ana.

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Ana Minuto também é idealizadora e co-fundadora do Potências Negras, evento online e gratuito que tem como o objetivo enegrecer o mercado de trabalho, abrindo oportunidades de recolocação e crescimento: “O evento tem como objetivo trazer e contar histórias de pessoas que conseguiram alcançar seus objetivos profissionais, inspirando as mulheres participantes a não desistir de seus sonhos. O meu desejo é fazer com elas enxerguem novas perspectivas e possibilidades de ascensão na carreira, preenchendo vagas nas áreas que desejam e movimentando a economia do nosso país”, conta.

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