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Brasileira compra casas por R$ 5 na Itália; saiba como

Ela já ajudou mais de 150 pessoas a comprarem casarões por um euro e dá dicas para quem tentar a vida no exterior

14 ago 2023 - 05h00
No Instagram (@rubia.daniels), Rubia compartilha sobre a rotina de reformas e ajuda brasileiros que pretendem comprar casas por um euro
No Instagram (@rubia.daniels), Rubia compartilha sobre a rotina de reformas e ajuda brasileiros que pretendem comprar casas por um euro
Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

Enquanto curtia as férias na Indonésia, a brasileira Rubia Daniels ouviu seu marido comentar que casas estavam sendo vendidas por 1 euro na Itália - o equivalente a cerca de R$ 5 na cotação atual.

Movida pela curiosidade da oportunidade, três dias após a viagem ela se viu pegando outro avião rumo ao 'dedo' da 'bota' da Itália [referência ao mapa do país]: a região de Sicília. Lá, na cidade de Mussomeli, ela comprou três casas pelo valor simbólico e deu início a sonhos que, antes, nem imaginava ter.

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Rubia, natural de Goiânia, mora na Califórnia desde os anos 90 e comprou os casarões italianos no início de 2019. Agora com 50 anos de idade, seu desejo é se aposentar nos próximos anos e partir definitivamente rumo à Itália - reforçando seus laços de descendência.

“Quando eu cheguei naquela cidadezinha, todo mundo me tratou bem. É uma cidade pequena e todo mundo é muito agradável. Todo mundo quer te conhecer, tomar um café. Eu me senti como se estivesse voltando para casa”, disse Rúbia, com brilho nos olhos, em entrevista ao Terra

Esse é um projeto desenvolvido a nível municipal, na cidade de Mussomeli, em Sicília - uma cidade com cerca de 11 mil habitantes e reconhecida como uma das mais seguras da Itália. De acordo com o regulamento obtido pela reportagem, o objetivo da iniciativa é valorizar e recuperar os imóveis do centro histórico, tornando a cidade mais ativa. Com as facilitações, o que era visto como ruínas para alguns, se tornam possibilidades de recomeços para outros. 

Na casa que está com as reformas mais adiantadas, Rubia já investiu mais de 25 mil euros - cerca de R$ 131,6 mil. Mas ela frisa que, no seu caso, está buscando colocar tudo novo. Sua filha, por exemplo, gastou 2 mil euros (R$ 10 mil) na reforma de uma casa com um projeto mais simples
Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

Por que as casas são vendidas por 1 euro?

  • De acordo com informações do projeto Case 1 Euro, nas últimas décadas, muitos moradores deixaram a região de Mussomeli e se mudaram para grandes centros urbanos. Esse êxodo rural fez com que muitas casas que pertenciam a parentes mais velhos ou falecidos ficassem vazias;
  • Além disso, para os cidadãos italianos, o IPTU da primeira casa não é pago. Mas se a pessoa tiver mais de uma casa, a taxa retorna. Então, para não precisar pagar um ‘super imposto’ ao governo italiano, moradores preferem vender suas casas ‘abandonadas’ por um euro e se livrarem da taxação.
  • Por acaso, Rubia foi uma das brasileiras pioneiras nessa toada. Imersa nas reformas nesses quase cinco anos, ela diz já ter ajudado diretamente e indiretamente mais de 150 pessoas a conseguirem comprar casarões por projetos do tipo. Sua filha, por exemplo, comprou uma residência ao lado de uma das suas. “Hoje meus vizinhos daqui [Califórnia] são também meus vizinhos em Sicília”, brinca.

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    O que você precisa saber para ter uma casa de um euro

    Com base na experiência de Rubia e em informações oficiais, o Terra preparou uma lista do que o brasileiro precisa saber e fazer para conseguir se juntar ao grupo dos compradores de casas de um euro na Sicília. Confira as dicas: 

    1. Nada é feito pela internet

    Para participar do projeto é preciso ir até o local. Para isso, o primeiro passo é entrar em contato com a prefeitura de Mussomeli e verificar a disponibilidade de visitas às casas que fazem parte do projeto. Lá, pessoalmente, a pessoa visita os locais, fica por dentro de todos os detalhes dos edifícios e consegue ter noção do quanto terá que investir para reformar o espaço.

    Depois de escolher a casa histórica, é preciso preencher um modelo de solicitação de compra e dar início ao processo de aquisição. A dica de Rubia é que a pessoa faça sua ‘busca pessoal’ sobre o projeto e se planeje para dar o primeiro passo - ou o primeiro ‘voo’.

    “É um fenômeno global. Tem gente do mundo todo indo para aquela cidade e escolhendo suas casas, escolhendo outras formas de viverem.”

    Em Mussomeli, a agência autorizada para cuidar do processo é a Case 1 Euro. No site, com informações disponibilizadas em inglês, é possível conferir mais detalhes do trâmite. Lá também são disponibilizadas algumas fotos de casas disponíveis por um euro. 

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    Atualmente, há mais de 50 casas disponíveis para visualização no portal da 'Case 1 euro', com detalhes técnicos sobre cada uma delas. (Página traduzida automaticamente pelo Google Tradutor)
    Foto: Reprodução/Case 1 euro

    2. Casa é gratuita, mas a documentação não

    O ‘um euro’ é simbólico. Mas, apesar de a casa ser gratuita, tudo que está associado à sua documentação tem um curto. 

    De acordo com a experiência de Rúbia, é preciso pagar 500 euros - equivalente a cerca de R$ 2.600 - aos agentes imobiliários para cada casa escolhida. Esse valor é para que eles preparem toda a documentação da casa e organizem a parte burocrática da compra do imóvel. 

    Depois, quando a documentação estiver pronta, também é preciso desembolsar um pouco mais para pegar a escritura do imóvel. Segundo Rúbia, o valor costuma variar entre 2800 euros (R$ 14.706) e 3500 euros (R$ 18.382). É nesse momento o comprador ganha as chaves da casa.

    Além disso, há um pagamento caução que deve ser para o município de Mussomeli de 5 mil euros - cerca de R$ 26.255 -, válido por três anos. Essa é uma garantia de que o novo proprietário irá cumprir os requisitos obrigatórios do projeto.

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    Somando tudo, o brasileiro que quer investir em uma casa de um euro tem que gastar, no mínimo, em torno de R$ 40 mil só com a parte de documentação da residência - e todos os valores precisam ser pagos à vista. Além disso, é preciso colocar na conta o dinheiro a ser gasto com as viagens até o local e a reforma da casa.

    "Hoje em dia, se você vai na cidade para fazer o tour, costumam ser mais ou menos 30 pessoas para verem bem menos casas”, explica Rubia, que teve a sorte de escolher suas casas entre mais de 150 disponíveis
    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

    3. Com a chave em mãos, responsabilidades

    Com as chaves do imóvel em mãos, é a hora do proprietário começar a reforma e cumprir a principal obrigação do projeto: renovar a fachada da casa.

    O novo proprietário terá um ano, a contar da data de compra, para elaborar um projeto de reforma e recuperação do imóvel. No total, o governo dá o prazo de três anos para que o novo proprietário reforme a parte exterior do imóvel. É um requisito que essa reforma mantenha as características do imóvel, porque essas casas estão localizadas no centro histórico da cidade. 

    Como algumas casas chegam a estar “em ruínas”, o que costuma dar mais trabalho é a reforma do telhado. Já com relação à parte interna da casa, o proprietário pode reformar conforme seu ritmo. Lembrando que a prefeitura de Mussomeli não fornece nenhuma ajuda de custo voltada para o processo de reforma.

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    4. Cuidado com a 'multa'

    No caso de Mussomeli, se o novo proprietário da casa de um euro não reformar a casa no período de três anos, perderá os 5 mil euros que pagou de caução ao governo no início do processo. Na prática, segundo Rubia, depois que o projeto é finalizado esse valor costuma ser reembolsado mesmo se a pessoa tiver passado do prazo.

    Caso o proprietário esteja com dificuldades no processo de finalização, a sugestão da brasileira é que a pessoa vá até as autoridades municipais e os mantenham informados.

    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

    5. Não é obrigatório morar

    No caso de Sicília, não há obrigatoriedade de morar na residência comprada por um euro ou transformá-la em um negócio. Em outros países da Europa que contam com projetos similares, os requisitos podem variar.

    Desse modo, na região, há quem reforme a casa e a transforme em uma casa de verão, ou faz um negócio, ou decide se mudar permanentemente -  como no caso de Rubia, que pretende viver como aposentada por lá.

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    “Se você tem oportunidade, é uma opção excelente. Você vai estar em uma cidade que não tem violência, é um lugar lindo, perto do mar. Você vai estar perto de monumentos arqueológicos. Sicília é realmente fantástico. Para todos que tem a opção e tem o sonho, vale a pena.”

    6. Pode pra vender?

    Segundo Rúbia, as obrigatoriedades com o projeto terminam quando o novo proprietário cumpre a reforma da fachada. Após isso, é possível vender.

    Para cada casa, um projeto especial

    Rubia conseguiu escolher suas três casas entre as mais de 150 que estavam disponíveis no momento - isso porque ela foi uma das primeiras a participar do projeto em Mussomeli. Desde então, ela tem trabalhado em projetos especiais para cada um dos casarões.

    Galeria de arte + lar

    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels
    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

    Essa é a primeira casa que terá sua reforma finalizada. A ideia de Rubia é que ela seja convertida em uma galeria de arte. Esse também foi o casarão escolhido para ser sua futura casa, em um dos andares.

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    Restaurante + hospedagem

    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

    A segunda casa de Rubia em Mussomeli se transformará em um restaurante - que será tocado por um de seus filhos. Já a parte de cima do edifício está sendo reformada para ser usada como locação de ‘Airbnb’ - uma forma de hospedagem.

    Centro de bem-estar

    Foto: Arquivo pessoal/Rubia Daniels

    O último projeto é o que levará mais tempo para ser finalizado - e também é o mais grandioso entre os três. Rubia pretende transformar um casarão de esquina, próximo à igreja Matriz da cidade, em um centro de bem-estar. A ideia é que seja um local onde as pessoas possam fazer ioga, meditação e confraternizar. Com esse projeto, ela quer participar efetivamente da vida social da cidade.

    Fonte: Redação Terra
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