Apenas em agosto deste ano, o Banco Central identificou 56 empresas de apostas que receberam, ao todo, R$ 20,8 bilhões em transferências de jogadores. O número está dentro da média estimada para 2024: segundo o BC, por mês, os brasileiros gastaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões com apostas.
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O dado faz parte da nota técnica produzida pela instituição em resposta a uma solicitação do senador Omar Aziz (PSD-AM), entregue esta semana.
O relatório busca mensurar o tamanho do mercado de apostas no Brasil, através de estimativas com base nos dados de transferências via Pix.
A movimentação financeira está muito acima da registrada pela loteria nacional, vinculada à Caixa Econômica. Em agosto deste ano, as casas lotéricas receberam R$ 1,9 bilhão em transferências.
O BC identificou que 24 milhões de pessoas físicas tenham feito ao menos uma transferência via Pix para alguma empresa de apostas.
Dos valores enviados, a instituição estima que 15% seja retido pelas empresas. Porém, o Banco Central ressalta que o percentual pode estar subestimado, por não considerar apostas que foram feitas via cartão de crédito ou outras modalidades de transferências eletrônicas.
A nota técnica mostrou ainda que a maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos. À medida que a faixa etária aumenta também sobe o valor apostado. Para os mais jovens, as transferências giram em torno de R$ 100, enquanto para os mais velhos o valor ultrapassa R$ 3.000 por mês.
Apostas feitas por beneficiários do Bolsa Família
Um dado de destaque no relatório relaciona-se ao número de beneficiários do Bolsa Família que destinaram recursos para sites de apostas. Segundo o Banco Central, apenas em agosto, 5 milhões de beneficiários do progama enviaram R$ 3 bilhões para empresas de apostas através de Pix, sendo a mediana dos valores gastos por pessoa de R$ 100.
Dessas pessoas apostadoras, 4 milhões (70%) são chefes de famÌlia (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets.
De acordo com a nota técnica, o resultado está em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas por apostas esportivas.
"É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira. O BC está atento ao tema e precisa ainda de mais dados e tempo para avaliar com maior robustez suas implicações para a economia, a estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população", finaliza a nota técnica.